Zelensky pede que UE não dê "vitória" à Rússia não aprovando negociações para alargamento
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje aos líderes da União Europeia (UE) para não darem "uma vitória extra" à Rússia, não aprovando em dezembro o início de negociações formais para o alargamento, apelando à "vontade política" comunitária.
"Vamos cumprir as sete recomendações [feitas ao país pela Comissão Europeia] e já consigo ver uma reação positiva e espero que [os líderes da UE] não deem uma vitória à Federação Russa", declarou Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa, na capital ucraniana, em Kiev.
Falando após uma reunião com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que chegou hoje ao país para assinalar os 10 anos da chamada Primavera Ucraniana, o Presidente ucraniano garantiu "não tomar nada como garantido", embora esperando que, na cimeira europeia de dezembro, haja "um resultado positivo e vontade política".
Questionado sobre eventuais bloqueios no seio do bloco comunitário, nomeadamente de países como a Hungria, Volodymyr Zelensky disse que "todos podem ser um elefante na sala", adiantando que "confia na UE" para este aval, que irá "preservar a unidade do continente europeu".
Apesar de admitir que o Conselho Europeu de dezembro será "desafiante", Charles Michel prometeu que "não poupará esforços" e tudo fará "para convencer os 27 colegas" do "dever" que é avançar com vista ao alargamento da Ucrânia à UE.
Saudando os esforços ucranianos, quando hoje mesmo o parlamento ucraniano aprovou "três importantes leis", Charles Michel concluiu que a UE também tem de se reformar "para estar pronta para o alargamento até 2030".
A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato ao bloco comunitário em meados de 2022, juntamente com a Moldova, com a Presidente moldova, Maia Sandu, a pedir também hoje avanços, nesta conferência de imprensa, após se encontrar com Michel e Zelensky.
"Acreditamos que, juntamente com a Ucrânia, fizemos um bom trabalho em cumprir os compromissos" solicitados pela Comissão Europeia, que no caso da Moldova impôs nove condições, defendeu a chefe de Estado.
Além disso, "podemos sempre vir a adicionar mais compromissos porque este é um processo que não acaba [com o início de negociações formais] e que deve ser baseado no mérito", adiantou Maia Sandu à imprensa ucraniana e europeia, que viajou com Michel, incluindo a Lusa.
A visita de Charles Michel surge a três semanas de os líderes da UE decidirem sobre o início das negociações formais para a adesão da Ucrânia à UE, depois de a Comissão Europeia ter recomendado, em meados deste mês, que o Conselho avance perante os esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos, embora impondo condições como o combate à corrupção.
Na altura, o executivo comunitário vincou que a Ucrânia tem de fazer progressos, que serão avaliados num relatório a publicar em março de 2024.
A decisão cabe agora ao Conselho da UE, na formação de Assuntos Gerais, e deverá ser tomada no dia 12 de dezembro, mas o aval final será dado pelos chefes de Governo e de Estado da União, que se reúnem em cimeira europeia poucos dias depois, a 14 e 15 de dezembro, em Bruxelas.
Perante desacordos entre os ministros europeus, a última palavra é dos líderes da UE, adiantou fonte europeia à Lusa.
O alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à UE, depois de preencherem requisitos ao nível político e económico.