Inflação prejudica opções de poupança conservadoras dos portugueses
As opções de poupança dos portugueses estão a ser prejudicadas pela inflação, tendo em conta que as famílias continuam a escolher depósitos em vez de outros instrumentos, como fundos de investimento, segundo um estudo hoje divulgado.
Neste trabalho, da Corum Investments Portugal e da BA&N Research Unit, lê-se que "a inflação continua a pesar, de forma muito desfavorável, nas finanças das famílias portuguesas, que estão a baixar de forma considerável a capacidade de gerar poupanças devido à alta dos preços, ao mesmo tempo que reforçam a aplicação em alternativas que persistem com retornos reais negativos".
Segundo o estudo, "apesar dos bancos em Portugal continuarem a remunerar os depósitos com taxas inferiores aos juros do Banco Central Europeu [BCE], as famílias continuam a privilegiar este destino tradicional para aplicar as suas poupanças", sendo que o "'stock' aumentou 9,5 mil milhões de euros em 2022".
Este valor representa "cerca de 90% das poupanças angariadas nesse ano, tendo recuado uma fatia considerável na primeira metade deste ano devido à saída de dinheiro para os certificados de aforro".
Em junho deste ano "mais de três quartos do 'stock' das poupanças acumuladas pelos portugueses estavam aplicados em depósitos bancários ou produtos de poupança do Estado, arriscando por isso um retorno real negativo numa altura em que a inflação persiste acima dos 4%", segundo o documento.
Segundo o estudo, "nas alternativas tradicionais de gestão ativos, como fundos de investimento, fundos de pensões, PPR e diversos veículos de gestão de património, os portugueses têm já menos de um quarto das poupanças acumuladas", sendo que "o valor em junho situava-se em 72 mil milhões de euros, o que representa uma quebra de 2% face ao final de 2022 (apesar da valorização dos ativos) e de 12% contra o final de 2021".
O estudo destacou que a "queda de 34% na poupança dos portugueses devido à inflação é superior à média da zona euro" e que as "famílias têm mais de 220 mil milhões de euros em produtos que oferecem retornos reais negativos".
De acordo com as conclusões, "Portugal é o terceiro país da zona euro onde os depósitos bancários têm o maior peso", sendo que "os juros oferecidos estão aquém da inflação".
Assim, os "depósitos, juntamente com a corrida aos certificados de aforro", foram fatores que reduziram "o peso da indústria da gestão de ativos na poupança para apenas 25%", sendo que os "fundos de pensões são os mais castigados".
"Por cada euro em fundos de investimento, portugueses aplicam cinco euros em depósitos bancários", referiu.
Os dados usados neste estudo são provenientes de várias fontes, como o INE, BCE, Eurostat e Banco de Portugal.