Papa vai reunir-se com famílias de reféns israelitas e de vítimas palestinianas
O papa Francisco vai reunir-se na quarta-feira no Vaticano, em momentos separados, com familiares dos israelitas que permanecem reféns do Hamas e com um grupo de famílias de palestinianos que sofrem com o conflito em Gaza.
"Posso confirmar que na manhã de quarta-feira, 22 de novembro, à margem da audiência geral, o papa Francisco vai reunir-se em momentos separados com um grupo de familiares de israelitas reféns em Gaza e com um grupo de familiares de palestinianos que sofrem com o conflito em Gaza", adiantou em comunicado o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni.
O Vaticano assinalou que "com estes encontros, de caráter exclusivamente humanitário, o papa Francisco quer demonstrar a sua proximidade espiritual com o sofrimento de cada um".
Alguns familiares estiveram em Roma e reuniram-se com as autoridades italianas nos últimos dias.
Por seu lado, o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, falando sobre a guerra em Gaza, lembrou hoje que "o princípio fundamental do direito internacional humanitário é que há alguns lugares que, incluindo em caso de guerra, devem ser salvaguardados: em primeiro lugar os hospitais".
Parolin falou sobre o ataque israelita ao hospital Al Shifa em Gaza: "A inumanidade da guerra radica também em que não tem em conta nada nem ninguém, o único objetivo passa a ser o de destruir o inimigo, destruir o adversário, anulando os direitos das pessoas e o primeiro é o de ser tratado".
Acrescentou que "estes lugares devem ser salvaguardados por todos, ninguém deveria usá-los para os seus próprios fins e ninguém deveria atacá-los".
Insistiu também no apelo que o papa Francisco fez várias vezes, de que a libertação dos reféns israelitas nas mãos do Hamas "é um ponto-chave para resolver a situação".
Parolin referiu-se ao ressurgir do antissemitismo depois da intervenção militar israelita em Gaza e garantiu que "o antissemitismo é um monstro".
"Já vimos que tragédias provocou este monstro. É sempre um perigo à espreita em relação ao qual devemos ter cuidado. O problema é que nos esquecemos do passado", disse.
Até agora, a Organização Mundial de Saúde (OMS) verificou 152 ataques aos cuidados de saúde em Gaza, 170 na Cisjordânia e 33 em Israel, que incluem ataques a hospitais, clínicas, ambulâncias, profissionais de saúde e a pacientes.
A guerra entre Israel e o Hamas, que entrou hoje no 42.º dia, foi desencadeada pelo ataque sangrento do movimento islamita palestiniano em 07 de outubro em solo israelita a partir da Faixa de Gaza, onde tomou o poder em 2007, deixando cerca de 1.400 mortos e o cativeiro de mais de 200 reféns supostamente transportados para o enclave.
Em retaliação, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, bombardeando implacavelmente o território sitiado onde estão amontoados 2,4 milhões de palestinianos, a que seguiu uma operação terrestre desde 27 de outubro.
O Ministério da Saúde do Hamas disse que 24 doentes morreram em 48 horas no hospital al-Shifa, localizado no norte da cidade de Gaza, devido à falta de combustível para alimentar os geradores.
A situação "é catastrófica" para os pacientes, cuidadores e deslocados que ali encontraram refúgio -- cerca de 2.300 pessoas segundo a ONU -- sem eletricidade, "nem água e alimentos", lamentou o diretor do hospital.
Pelo segundo dia consecutivo, nenhuma ajuda conseguiu entrar na Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, no Egito, disse a ONU, com os seus veículos retidos devido à falta de combustível.
Mais tarde, Israel disse que o gabinete de guerra autorizou a entrada de dois camiões de combustível diariamente. Segundo uma autoridade norte-americana, as viaturas devem começar a ser enviadas no sábado, quando o Programa Alimentar Mundial das (PAM) alertou na quinta-feira para o "risco imediato de fome" em Gaza, onde os alimentos e a água são "quase inexistentes".
Segundo a ONU, 1,65 dos 2,4 milhões de habitantes do território palestiniano foram deslocados pela guerra.