Venezuela acusa Israel de genocídio contra o povo palestiniano
A Venezuela questionou as declarações do Presidente israelita, que na quinta-feira tinha pedido "decência e respeito" aos países latino-americanos críticos da ofensiva na Faixa de Gaza, acusou Israel de levar a cabo "um genocídio" contra os palestinianos.
"A República Bolivariana da Venezuela manifesta repúdio pelas declarações cínicas do Presidente de Israel, Isaac Herzog, que criticou descaradamente a posição digna assumida pelos países latino-americanos, incluindo a Venezuela, relativamente ao genocídio aplicado pelo país ao nobre povo palestiniano", de acordo com um comunicado.
No documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores venezuelano, a Venezuela respondeu ao Presidente de Israel "que as ações ultrapassam em muito os limites da decência e do respeito, sendo classificadas como crimes de guerra e crimes contra a humanidade, que mais cedo ou mais tarde serão julgados pelo direito internacional".
"Israel deve cessar os ataques indiscriminados contra a população civil e parar o massacre sistemático que comete contra o povo palestiniano, especialmente mulheres e crianças", sublinhou.
O documento afirmou que "o Governo venezuelano junta-se às manifestações de numerosos países latino-americanos, que têm pedido um cessar-fogo imediato e têm condenado a política de extermínio nazi de Israel contra o povo palestiniano".
"Manteremos a nossa voz em alto, denunciando a barbárie e promovendo ações para garantir o cumprimento das resoluções das Nações Unidas, em favor da criação de um Estado palestiniano livre", sublinhou.
Na quinta-feira, o Presidente de Israel, Isaac Herzog, pediu "decência e respeito" aos países latino-americanos que criticaram a ofensiva israelita em Gaza, instando-os a dialogar com o Irão e a pressionar pela libertação dos reféns israelitas.
"Penso que os líderes da Venezuela, da Colômbia, da Bolívia, do Chile e outros, que nos criticaram, deviam mostrar alguma decência e respeito e fazer chegar a reivindicação dos reféns aos líderes mundiais, pressionando o Irão e aliados, incluindo o [movimento islamita] Hamas", disse Herzog, na residência presidencial em Jerusalém.
O chefe de Estado israelita enviou uma mensagem a "todos os países de língua espanhola, alguns com fortes laços com o Irão e a todos os seus aliados", para que expressem indignação pelo massacre do Hamas em Israel em 07 de outubro e peçam a Teerão pela libertação dos 239 reféns sequestrados em Gaza.
Herzog afirmou ter transmitido a muitos líderes de países latino-americanos que "deviam olhar-se ao espelho e perceber que podem ser os próximos".
"Sabemos da presença do Irão na região, na América Latina, sabemos das suas alianças com alguns países. Lamentavelmente, ninguém ficará isento da máquina de terror destas organizações. Temos de lutar todos juntos", acrescentou.
Em 07 de outubro, o Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os bombardeamentos israelitas por ar, terra e mar causaram mais de 11 mil mortos, na maioria civis, na Faixa de Gaza, de acordo com dados do Hamas.