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Tecnologia contribui para democracia se usada de forma responsável

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Foto: Shutterstock

A fundadora da empresa de comunicação digital Génération Politique, Hind Ziane e Naomi Hirst, da Global Witness, defenderam hoje na Web Summit que a tecnologia pode ser uma grande ferramenta para a democracia, mas apenas se for utilizada responsavelmente.

Na palestra "Está a tecnologia a prejudicar a democracia?", onde esteve presente, Ziane sustentou que "os países e as nações não são construídos com base em ferramentas, são construídos com base em pessoas e a tecnologia é apenas uma ferramenta".

A diretora da Génération Politique, empresa especializada em mobilização, dados e comunicação digital, acrescentou ainda que "a tecnologia, por si só, pode ser uma grande ajuda para a democracia".

"Devido a crenças ou ideais específicos, a tecnologia pode tornar-se muito prejudicial. Assim, serão as pessoas que tornam a tecnologia perigosa ou é a própria tecnologia que é perigosa?", questionou.

Naomi Hirst, diretora da Global Witness, aludiu também à responsabilidade associada ao uso das tecnologias, enquanto meio de materializar as ideias e valores dos participantes políticos.

"Enquanto pessoas que construíram sistemas políticos que existem há séculos, temos a responsabilidade fazer as nossas ferramentas tecnológicas corresponder aos nossos ideais e valores", disse.

Hind Ziane reconheceu o modo como os avanços tecnológicos alteraram a política a vários níveis: "a tecnologia mudou a forma como as pessoas vivem e trabalham e, face a essas alterações, os políticos têm de adaptar as suas políticas e o modo como governam".

Aludindo a três formas como a política foi alterada com a tecnologia, Ziane apontou, em primeiro lugar, que a forma como as pessoas consomem a informação se alterou por completo, pois "não acedem às notícias como antigamente, muitas não leem sequer notícias, consultam o Twitter ou o Facebook".

Ao mesmo tempo, a tecnologia serve como uma ferramenta para envolver os constituintes na atividade política, em especial "os menos politizados, por exemplo os jovens, que mais facilmente são motivados a votar ou participar, com uma mensagem ou um 'post'".

A terceira alteração na política referida por Ziane foi a comunicação dos sucessos dos atores políticos aos cidadãos, através das redes sociais, com o objetivo de criar uma ponte de confiança entre os mesmos.

"Temos de compreender que a transparência, especialmente na política, não é uma fraqueza, é o oposto. Se não se cumprem as promessas ou não se mostra o que se faz, é muito difícil criar confiança", acrescentou.

Por outro lado, Naomi Hirst alertou para os problemas associados ao uso das redes sociais pelos atores políticos.

"Os políticos estão a jogar com a sua retórica para terem presença nas redes sociais e ganharem tração. Este 'feedback', entre o que corre bem e o que se torna viral e o discurso político é verdadeiramente preocupante", adiantou.

A sessão terminou com o reforço positivo do papel dos indivíduos no processo democrático, retratando a tecnologia apenas como uma ferramenta no contexto político.

"As nações são feitas de emoções, de pessoas que se preocupam e que querem construir um futuro para todos. A tecnologia é apenas uma ferramenta", concluíram.

A Web Summit, que se realizou pela primeira vez na capital portuguesa em 2016, conta este ano, de acordo com a organização, com 900 investidores, 2.000 media confirmados, 300 parceiros, 800 oradores, num total de 70.000 participantes, em que 42% são mulheres.

O evento teve início no dia 14 e irá terminar dia 16. Ao todo, estão representados 160 países.

Após as duas primeiras edições na capital portuguesa, a Web Summit e o Governo anunciaram, em 2018, uma parceria de 10 anos, o que mantém a cimeira em Lisboa até 2028.