Comissão de Ética do Banco de Portugal diz que Centeno cumpriu deveres de conduta
A Comissão de Ética do Banco de Portugal considera que Mário Centeno cumpriu os deveres gerais de conduta e agiu com a reserva exigível, depois do governador ter sido proposto pelo atual primeiro-ministro para o substituir no cargo.
"No seu parecer, a Comissão de Ética manifesta o entendimento de que o Governador agiu com a reserva exigível nas concretas circunstâncias nele descritas e cumpriu os seus deveres gerais de conduta como membro do Conselho de Administração, independentemente de outros desenvolvimentos que se verificaram à volta da situação e que são estranhos ao Banco de Portugal e ao Governador", pode ler-se no comunicado divulgado hoje pelo regulador bancário.
Apesar deste entendimento, no parecer, a Comissão de Ética assinala que "no plano objetivo, os desenvolvimentos político-mediáticos subsequentes podem trazer danos à imagem do Banco", considerando que "a defesa da instituição é ainda mais relevante num período como o atual, pelo que a Comissão sublinha a importância dos princípios que enformam os normativos em vigor".
Neste sentido, recomenda que "o governador, a Administração e o Banco no seu todo continuem empenhados na salvaguarda da imagem e reputação do Banco de Portugal".
A Comissão de Ética do Banco de Portugal, presidida por Rui Vilar, reuniu-se na segunda-feira depois de Mário Centeno ter sido proposto pelo atual primeiro-ministro para o substituir no cargo.
Mário Centeno esclareceu, na segunda-feira em comunicado, que não foi convidado pelo Presidente da República para chefiar o Governo, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter negado que tenha convidado quem quer que seja para chefiar o Governo, incluindo o governador do Banco de Portugal, ou autorizado qualquer contacto para este efeito.
As declarações do Presidente surgiram após Centeno ter afirmado ao jornal Financial Times que recebeu "um convite do Presidente e do primeiro-ministro para refletir e considerar a possibilidade de liderar o Governo".
O Banco Central Europeu (BCE) disse esta semana que aguardava o parecer da Comissão de Ética.
"O Comité de Ética do Banco Central Europeu [BCE] será informado sobre o resultado da avaliação da Comissão de Ética do Banco de Portugal", respondeu fonte oficial da instituição sediada em Frankfurt em resposta à Lusa.
A Comissão de Ética do Banco de Portugal reúne-se uma vez por trimestre e extraordinariamente sempre que for convocada por iniciativa de qualquer dos seus membros ou pela solicitação do Conselho de Administração ou do Conselho de Auditoria.
Segundo o regulamento de conduta do supervisor bancário português, cabe a esta Comissão promover a elaboração, a aplicação e o cumprimento do código de conduta do Banco aplicável aos membros do Conselho de Administração.
Entre as competências inclui-se "emitir, por sua iniciativa e após audição dos visados, parecer sobre a conformidade de determinada conduta dos membros do Conselho de Administração com o previsto no código de conduta que lhes é aplicável".