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O que nos deixas António?

Era uma vez um rapaz de origem indiana, tímido até, socialista por sinal, certo dia tornar-se-ia primeiro-ministro de um pequeno País chamado Portugal. Por lá governou durante 8 anos, três longas legislaturas. Tinha tanta sede de poder que, ainda que tivesse perdido as eleições, foi o autor de uma geringonça inédita. Atravessou uma pandemia, enfrentou duas guerras, debateu-se com casos e casinhos, bateu o pé a greves de médicos e de professores, e até sobreviveu a uma queda do Governo de onde saiu reforçado.

António era considerado um político forte, foi deputado, ministro, vice-presidente do Parlamento Europeu, presidente da Câmara de Lisboa antes de se tornar PM. Foi astuto na arte de negociar e foi amigo do seu amigo ainda que o negasse. Foi bff (best friend forever) do Escária e do Lacerda, ambos ardilosos, traíram pela(s) Costa(s). De facto, bastava ler alguns livros de psicologia para estar preparado que a traição nunca vem de inimigos, mas daqueles que valorizamos mais do que merecem.

Esteve envolvido em polémicas com Marcelo e foi progenitor de demissões de membros do Governo e mergulhou a TAP numa espiral que fez cair o Pedro Nuno que se apresenta como solução de um edifício no Largo do Rato.

O futuro de António não poderia acabar bem. António deveria saber que a lei do Karma - termo hinduísta - retornam de forma benéfica ou maléfica. Acabou a demitir-se vítima da própria justiça que há muito deveria ser matéria de uma reforma estrutural, tal como, a educação e a saúde dão sinais de fragilidade e longe, muito longe, da credibilidade que uma instituição deve merecer.

Esperava-se que, com uma maioria absoluta, o António governasse com maior estabilidade, mas infelizmente para o mal de Portugal e de todos nós, o que se sucedeu nestes dois anos de governação, supera o drama e o suspense de qualquer novela mexicana, com a demissão de 11 secretários de estado e dois ministros em tão pouco tempo.

E sem querer bater mais no ceguinho, passados dois anos estamos novamente na casa de partida, com eleições antecipadas a 10 de março de 2024, com o país em suspenso novamente, só não sendo pior porque o Presidente da República teve a sensatez de dissolver a Assembleia da República só após a votação e aprovação do orçamento de estado para 2024. Um mau orçamento de estado, diga-se, mas sempre melhor do que trabalhar novamente em duodécimos, atendendo que na melhor das hipóteses teríamos orçamento aprovado em junho de 2024.

Com estes tristes acontecimentos as autarquias e em particular as Juntas de Freguesia, saem novamente prejudicadas, num momento em que se discutia o Orçamento de Estado e se reivindicava mais e melhores condições para desenvolverem o seu trabalho, com a proposta por parte da ANAFRE do aumento do Fundo de Financiamento das Freguesias de 2,5% para 3,5% sobre a receita dos impostos recolhidos pelo Estado, bem como, o aumento da percentagem do IMI urbano destinado às Juntas de Freguesia, de 1% para 3%. Propostas que num cenário de instabilidade política, ficarão novamente na gaveta à espera de dias melhores. Para nem falar de dossiês empatados e são tantos, bem como, as reivindicações de transferências para a Região previstas no Orçamento do Estado para 2024 que foram literalmente ignoradas.

Ficam assim muitas dúvidas sobre o futuro de todos nós nos próximos tempos, sobre a estabilidade do País. Paira sobre todos nós a incerteza e o medo de uma crise económica e social devido a esta crise política desnecessária, bastava fazerem aquilo para o qual foram eleitos, governar o país.

Teve todas as condições para fazer o seu trabalho, no entanto o que nos deixa António? Deixa-nos INSTABILIDADE E INCERTEZA. Vai António, vai e nunca mais voltes!