Experiências sexuais adversas podem ‘hipotecar’ saúde mental
Situações vividas na idade jovem podem ter consequências complexas na idade adulta, aponta o psiquiatra Hugo Semião
São sobretudo as mulheres a procura ajuda dos psiquiatras e psicólogos, ainda que cada vez mais os homens 'batam à porta' destes especialistas.
Hugo Semião reconhece a importância de acções como o seminário ‘Educação Sexual: Prevenção, Proteção e Promoção de Direitos - (In)formar para uma sexualidade saudável’, que hoje decorre na Escola Profissional Dr. Francisco Fernandes, e na qual intervém com a conferência 'Experiências sexuais adversas e saúde mental - como (não) abordar', na prevenção de situações mentais mais complexas.
No entender deste psiquiatra, “a sexualidade é uma dimensão muito importante de cada um de nós, da nossa individualidade”, pelo que "as experiências sexuais adversas podem influenciar essa nossa dimensão, com marcas importantes negativas, a longo prazo, ao nível da nossa personalidade, mas também vulnerabilidade para desenvolver algumas doenças mentais", aponta.
Seminário sobre educação sexual arranca com 110 inscritos no Funchal
A formação promovisa no âmbito do projecto 'Educação para a Sexualidade e Afectos' decorre hoje e sexta-feira, contando com as palestras de vários especialistas
Marco Livramento , 13 Novembro 2023 - 10:21
Como referiu aos jornalistas, os estudos reforçam a importância de uma acção precoce, junto das crianças e dos jovens, daí que aponte as mais-valias da educação para a sexualidade e das acções desenvolvidas no âmbito do projecto Educação para a Sexualidade e Afectos (ESA).
Da sua prática clínica, o psiquistra, que trabalha sobretudo com adultos, nota que, muitas vezes, as doenças mentais acabam por se manifestar só na idade adulta, ainda que tenham raízes em "histórias de vida complexas" e, muitas delas, "com experiências sexuais adversas".
Entende, por isso, ser fundamental existir esta educação para a sexualidade e, em caso de experiências traumáticas mais adversas, diz ser importante haver estruturas e recursos “que permitam prevenir e abordar estes casos que infelizmente acontecem”.
Mas, neste momento, o sistema de saúde “ainda é insuficiente”, levando o médico a enaltecer iniciativas como aquela que hoje decorre, em São Martinho, dando maior visibilidade à abordagem destas temáticas.
Lamentando o estigma que ainda existe na comunidade em relação à saúde mental, o psiquiatra apela a que as pessoas não se inibam de procurar ajuda especializada.
Na sua apresentação, Hugo Semião espera ajudar os formandos, maioritariamente professores, a encontrarem as ferramentas adequadas para lidarem com problemas desta natureza, deixando o alerta para alguns indicadores que deverão ser entendidos como um sinal que inidicia a existência de possível doença mental ou experiências sexuais adversas.