Hamas diz que ataque destruiu departamento de doenças cardíacas do Hospital Al-Shifa
O vice-ministro da Saúde do governo do Hamas em Gaza disse hoje que um ataque aéreo israelita "destruiu completamente" o prédio do departamento de doenças cardíacas do Hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza.
"O edifício de dois andares do departamento de doenças cardíacas foi completamente destruído num ataque aéreo", disse Youssef Abou Rich à agência noticiosa francesa AFP, culpando o exército israelita pelo ataque.
A AFP não conseguiu confirmar o ataque no local, mas pelo menos uma testemunha presente no hospital confirmou as explosões e os danos.
O exército israelita não reagiu imediatamente.
"Houve um novo ataque ao departamento de cirurgia e ao departamento de cirurgia ambulatória", acrescentou um funcionário palestiniano, relatando "cinco bombas disparadas desde a manhã contra o complexo".
"Os tanques (israelitas) estão a cercar completamente o Hospital de Al-Shifa", relatou o funcionário palestiniano, enquanto o exército israelita descreveu como "falsos" os relatórios segundo os quais as suas tropas estão a "cercar e atingir" Al-Shifa.
"Eles atiram contra todos aqueles que tentam sair dos prédios do complexo hospitalar", disse o vice-ministro da Saúde do governo do Hamas, Youssef Abou Rich.
O exército israelita confirma que está posicionado ao redor do Hospital Al-Shifa, permitindo ao mesmo tempo uma saída para leste, aberta aos milhares de deslocados alojados no hospital.
"Existem dois tanques (israelitas) cujas armas estão apontadas para dentro da maternidade, na entrada sul do complexo Al-Shifa", detalhou Abou Rich. E estão outros "dois tanques fora da entrada oeste e dois tanques dentro desta entrada".
Ao redor do complexo hospitalar, "há dezenas de corpos nas ruas, centenas de pessoas feridas", relatou o vice-ministro da Saúde do governo do Hamas.
O Ministério da Saúde do governo do Hamas deixou de publicar o número diário de mortos desde sexta-feira, dizendo que já não consegue estabelecer contacto com todos os hospitais e não consegue enviar as suas ambulâncias devido à violência dos combates.
Em Al-Shifa, há "650 pacientes, cerca de 40 crianças em incubadoras, todas ameaçadas de morte e 15 mil deslocados", disse Abou Rich.
Desde sábado, a eletricidade foi cortada em Al-Shifa e dezenas de bebés em incubadoras e pacientes em cuidados intensivos correm agora o risco de morte, segundo várias ONG internacionais.
"As enfermeiras realizam massagens respiratórias manuais a esses bebés prematuros", acrescentou Abou Rich, dizendo temer a morte de vários deles em poucas horas.
A Organização Mundial da Saúde alertou hoje, por seu turno, que perdeu a comunicação com o Hospital Al-Shifa e diz que há relatos de algumas pessoas que fugiram do hospital foram baleadas, feridas e até mortas.
Após 36 dias de guerra, que começou em 07 de outubro com o ataque do Hamas ao território israelita, no qual morreram mais de 1.400 pessoas e mais de 240 foram raptadas de aldeias perto de Gaza, os bombardeamentos israelitas mataram já mais de 11.000 pessoas e feriram cerca de 27.500, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlada pelo grupo islamita.
O Hamas é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.