José Luís Carneiro candidata-se à sucessão de Costa
Ministro da Administração Interna anunciou esta madrugada que vai à luta para ser secretário-geral do PS
O dirigente socialista José Luís Carneiro anunciou hoje, durante a reunião da Comissão Política do PS, que será candidato a secretário-geral nas eleições internas diretas que se vão disputar em 15 e 16 de dezembro.
Uma hora antes, em declarações aos jornalistas, a dirigente socialista Ana Catarina Mendes, atual ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, tinha afirmado estar fora da corrida à sucessão de António Costa na liderança do PS, cargo em relação ao qual se candidatará o atual deputado e antigo líder da JS Pedro Nuno Santos.
Na quinta-feira, em declarações à agência Lusa, o dirigente socialista e atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, afirmou que ainda não tinha tomado qualquer decisão sobre uma sua eventual candidatura à liderança do PS, adiantando que estava a receber apoios de militantes e cidadãos independentes.
José Luís Carneiro observou então que estava em curso "um diálogo interinstitucional" que devia ser respeitado, porque visa salvaguardar o interesse nacional".
"A estabilidade do país, perante um quadro internacional extraordinariamente exigente, deve ser a prioridade de todos", sustentou.
"Com tranquilidade e ao nível dos seus órgãos, [o PS] tomará democraticamente as suas decisões. Após essas decisões dos órgãos próprios, avaliarei e decidirei. Decidirei com base na minha consciência e no interesse do meu país", acrescentou.
Na terça-feira, António Costa anunciou a sua demissão das funções de primeiro-ministro e adiantou que não vai recandidatar-se a estas funções em eleições legislativas antecipadas.
Na quarta-feira, o ex-dirigente socialista Francisco Assis, após "um almoço de amigos" com o ex-ministro Pedro Nuno Santos -- apontado como provável candidato à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas, em declarações à agência Lusa, defendeu que os mais altos responsáveis do PS devem entender-se em torno de uma nova liderança "agregadora", de unidade e "sem medo" de enfrentar eleições legislativas antecipadas.
"Nas presentes circunstâncias políticas pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do partido. O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa", sustentou Francisco Assis, também conotado com a chamada ala moderada desta força política.
Em conferência de imprensa, horas depois da demissão de António Costa, o presidente do PS, Carlos César, afirmou que os socialistas estão preparados para qualquer cenário: Eleições ou mudança de liderança do Governo".
Questionado se o PS vai antecipar o seu Congresso Nacional, que está marcado para os dias 15, 16 e 17 de março, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores e líder parlamentar socialista disse que se recusa para já "a fazer considerações" sobre esse ponto.
"Não conhecemos qual a decisão do senhor Presidente da República. Em função da sua decisão, o PS ajustará, se for o caso, os procedimentos internos necessários para responder à situação que entretanto for criada", justificou.
Na terça-feira foram realizadas buscas em vários gabinetes do Governo, incluindo na residência oficial de São Bento, em Lisboa, visando o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, noticiadas de manhã pelo jornal público.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou, quatro horas mais tarde, através de comunicado, que estão em causa investigações sobre projetos de lítio e de hidrogénio e que o primeiro-ministro é alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça.
O Presidente da República recebeu o primeiro-ministro logo de manhã, a pedido deste, no Palácio de Belém, e uma segunda vez já depois de ser conhecido o comunicado da PGR, tendo recebido pelo meio, a procuradora-geral da República, Lucília Gago.
António Costa apresentou a demissão de primeiro-ministro, declarando-se de "cabeça erguida" e "consciência tranquila", mas defendendo que "a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal".
O Presidente da República aceitou o pedido de demissão e convocou os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, para uma eventual dissolução do parlamento.