Moscovo duvida de "verdadeiras" intenções da adesão de Kiev à UE
A Rússia manifestou ontem dúvidas sobre as "verdadeiras" intenções de Bruxelas em relação a Kiev, um dia depois de a Comissão Europeia ter decidido recomendar a abertura de negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).
"É pouco provável que se trate de promessas genuínas", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em resposta a uma pergunta de um jornalista russo que publicou um extrato da conversa no Telegram.
Peskov considerou que as promessas de Bruxelas eram "uma cenoura acenada" pela UE para a Ucrânia, que enfrenta uma ofensiva russa há quase dois anos.
A Comissão Europeia deu na quarta-feira luz verde à abertura de negociações de adesão à UE com a Ucrânia.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com a "boa" decisão da Comissão: "O nosso Estado deve fazer parte da UE. Os ucranianos merecem-no", afirmou.
Em junho de 2022, a UE concedeu à Ucrânia o estatuto de candidato, num gesto altamente simbólico, poucos meses após o início da ofensiva russa, bem como à vizinha Moldova.
Para passar à fase seguinte - a abertura das negociações de adesão - a Comissão definiu sete critérios de referência para Kiev, entre os quais condições a cumprir em matéria de luta contra a corrupção e de reforma judicial.
A Ucrânia aguardava com impaciência esta luz verde, numa altura em que a sua contraofensiva marca passo e a guerra entre Israel e o Hamas desvia a atenção dos seus aliados.
Mas a recomendação da Comissão Europeia ainda está longe de ser o fim do caminho para a Ucrânia e os outros países candidatos.
Os chefes de Estado dos 27 Estados-Membros deverão ainda votar este parecer na cimeira de Bruxelas, em meados de dezembro.