Zelensky tem um plano de combate para recuperar cidades ocupadas
O Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, afirmou ter um plano de combate para recuperar várias cidades ocupadas pela Rússia, em 2024, enquanto Kiev exclui um possível cessar de hostilidades para negociar com o Kremlin.
Moscovo aproxima-se cada vez mais da marca de meio milhão de homens que assinaram contratos com o exército e ainda multiplicaram a produção de armamento, enquanto Kiev afirmou ainda estar longe de repor os seus arsenais aos níveis do início da guerra.
"Eu tenho um plano. Temos cidades muito específicas, direções para avançar. Não posso revelar os detalhes, mas temos pequenos progressos no sul e também no leste", afirmou Zelensky durante uma videoconferência com Nova Iorque.
O Presidente mencionou também o progresso já alcançado na região sul de Kherson, onde os ucranianos parecem ter ocupado uma posição em território inimigo, na margem esquerda do rio Dnieper.
Zelensky, que prorrogou hoje a lei marcial e a mobilização geral por três meses, tem tentado durante dias dissipar as dúvidas, tanto no seu país como no Ocidente, de que a contraofensiva lançada a 04 de junho tenha chegado ao fim.
Na quinta-feira, o chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, destacou os "grandes êxitos" de Kiev no flanco da península da Crimeia anexada pelos russos.
"A destruição dos seus ativos no território da Crimeia e a destruição da frota do Mar Negro é uma grande conquista do nosso país", afirmou Danilov, referindo-se ao facto de Kiev ter danificado, esta semana, durante um ataque contra os estaleiros em Kerch, outro navio russo, o porta-mísseis Askold.
Zelensky não hesitou também em denunciar a lentidão do fornecimento de armas por parte do Ocidente e o seu impacto na linha da frente, admitindo que a atitude de alguns políticos republicanos dos EUA estava a preocupar Kiev.
O Presidente ucraniano apelou ainda para que os ativos russos congelados no Ocidente devido à guerra sejam dedicados à reconstrução da Ucrânia, uma possibilidade apoiada pelos EUA e pela União Europeia, que o Kremlin já condenou.
Para que não restassem dúvidas sobre os planos de Kiev, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, excluiu a possibilidade de uma pausa nos combates, em resposta a notícias sobre conversas à porta fechada entre o Ocidente e Kiev sobre negociações de paz.
"Nem uma das 200 rondas de negociações nem os 20 acordos de cessar-fogo impediram Putin de iniciar a invasão em grande escala da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022", publicou Kuleba na rede social X [antigo Twitter].
"Aqueles que afirmam que a Ucrânia deveria agora iniciar diálogos com a Rússia, estão desinformados ou confusos ou estão do lado da Rússia e querem que Putin faça uma pausa antes de uma agressão ainda maior", acrescentou.
Enquanto isso, Yuriy Ignatm, porta-voz da Força Aérea Ucraniana, anunciou hoje a futura criação de centros de formação de pilotos para operarem caças F-16 norte-americanos, acrescentando ainda que a formação de pilotos ucranianos na Roménia, onde já chegaram cinco caças, ainda não começou.
A Rússia também ainda não parece disposta a abandonar as hostilidades. Segundo o vice-chefe do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, cerca de 410 mil russos já assinaram contratos com o exército para combater na Ucrânia desde 1 de janeiro.
Durante uma visita a uma base militar, Medvedev sublinhou que as autoridades estão a assistir a um aumento do número de russos "que estão prontos a defender a sua pátria, o nosso país".
De acordo com o Estado-Maior ucraniano, as forças russas sofreram mais de mil baixas nas últimas 24 horas.
Medvedev sublinhou ainda que a Rússia aumentou várias vezes a sua produção de armas no último ano.
"O potencial da nossa indústria militar atingiu níveis nunca vistos desde o final da Grande Guerra Patriótica" (1941-45), afirmou.