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A (IN) atividade física

No âmbito de particularizar a Semana Europeia do Desporto, que se realizou entre 23 e 30 de Setembro, redijo sobre um tema que tem sido discutido na sua componente teórica, contudo subestimado na prática pela população.

Preliminarmente, o propósito desta semana é promover a atividade física em toda a Europa, junto de todos os cidadãos, ao longo de todo o ano. Para tal, esta campanha viabiliza a promoção e articulação de variadas atividades, de forma a estimular e vincular os cidadãos de todas as faixas etárias à atividade física regular, por forma a adotar um estilo de vida ativo.

Estas iniciativas advêm da necessidade de combater um dos maiores problemas de saúde pública do Século XXI. A ciência tem comprovado que a atividade física regular tem extensivos benefícios para a saúde: reduz o risco de morte; contribui para a redução de doenças crónicas; melhora a aptidão cardiorrespiratória e muscular; ajuda na regulação do peso corporal; melhora a saúde óssea e funcional; promove a saúde mental, reduzindo o risco de declínio cognitivo, restringe os sintomas depressivos e melhora a sensação de bem-estar; entre outras inumeráveis vantagens.

De acordo com o mais recente Eurobarómetro, Portugal tem a população mais sedentária da União Europeia. Segundo os dados divulgados este ano pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a Madeira é a região do país que menos expende em atividades e equipamentos desportivos. Os dados da Direção Regional de Estatísticas da Madeira (DREM) validam uma incidência preocupante, em 2022, na população com 18 ou mais anos, dos quais 37,9% tinha excesso de peso e 19,5% obesidade.

Estes indicadores são alarmantes e exigem a implementação de políticas e planos de ação que aumentem os níveis de atividade física da população, através da criação de mecanismos de coordenação que agreguem diferentes setores, desde empresas, estabelecimentos de ensino, entidades de saúde, clubes desportivos, instituições sociais, câmaras municipais, juntas de freguesia, etc. De forma a propiciar ambientes favoráveis e adaptados a todos sem exceção, promover mais oportunidades e monitorizá-las regularmente. Além do mais, é vital o investimento na investigação, inovação tecnológica e nas campanhas de consciencialização sobre ser fisicamente ativo, de modo a informar dos benefícios sociais, económicos, culturais e desportivos, assim como mudar os comportamentos padronizados dos cidadãos.

As Guidelines da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as diferentes populações variam de duração, frequência e intensidade:

Crianças e Adolescentes (até aos 17 anos): 60 minutos diários de atividade física, variando de moderada a vigorosa, maioritariamente aeróbia. Devem ser incorporadas atividades de fortalecimento muscular e ósseo pelo menos 3 vezes por semana.

Adultos (18 aos 64 anos): 150 a 300 minutos semanais de exercícios aeróbios de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de exercícios de atividade aeróbia vigorosa;

Idosos (65 anos ou mais): 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade aeróbia vigorosa, de forma a obter benefícios adicionais, pelo menos 2 dias por semana, incluir as atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada a vigorosa, e atividades físicas que promovam o equilíbrio funcional. Promover também o treino de força de intensidade moderada a vigorosa pelo menos três dias por semana.

A inatividade física / o sedentarismo são vocábulos dicotómicos para reconhecer as pessoas que não cumprem com os níveis recomendados, o que gera significativos riscos para a saúde, tais como o aumento do índice de obesidade e taxa de mortalidade. Em suma, a prática regular de atividade física, exercício físico e/ou desporto, e a alimentação equilibrada, variada e completa são os alicerces para a prevenção de doenças e adoção de um estilo de vida saudável!