O grupinho do PS de Lisboa
Já fui militante socialista, mas cansei-me da militância activa. Mas não deixei de votar no PS. Mas agora, basta. Estou cansado. Farto e desiludido de um partido onde são mais os notáveis dos que os militantes, onde não faltam históricos, onde abundam os antigos e futuros presidentes, onde pululam os funcionários do aparelho, mas que continua em 47 anos de autonomia política a acumular derrotas atrás de derrotas sem assumir as devidas responsabilidades.
O que interessa, para os do costume, é se arrumar nas cadeiras da assembleia. E isso já está a ser feito. Para o candidato derrotado, o prémio pelos bons serviços prestados à causa socialista, é uma vice-presidência da Assembleia. Para o homem do aparelho, o prémio pelo aparelho andar engasgado há anos, é a liderança do grupo parlamentar. Para os que não chegaram a deputados, há de aparecer qualquer coisinha porque o que importa realmente a esta gente que capturou o PS, não é a Madeira ou os madeirenses. O que interessa, são as agendas pessoais e garantir mais quatro anos de regalias para gente de quem não se conhece outra ocupação que não a de ser deputado.
É por isso, que ainda o cadáver político da actual liderança socialista não tinha arrefecido, já se preparava nos bastidores (sempre nos bastidores, porque é atrás da cortina que este PS funciona) um novo assalto ao poder. Sem ouvir os (poucos) militantes, sem fazer a necessária mea-culpa por tanta derrota, sem procurar perceber porque ao contrário de outras zonas do país, os socialistas continuam a não merecer a confiança do eleitorado.
Mas isto é um pormenor para o grupinho de Lisboa. Para os exilados Cafôfo, Iglésias juntamente com os caseiros que deixaram cá na Madeira a tomar conta do partido enquanto viajavam por esse mundo fora a prometer voos e consulados aos emigrantes madeirenses, o que efectivamente conta é assegurar a própria sobrevivência política. Por isso toca a atacar a liderança, rapidamente e em força, não vá o próximo presidente do partido abrir os olhos e fazer a limpeza que já devia ter acontecido há muito.
Jesus Camacho