O mundo ao contrário do PS-Madeira
Já passou mais de uma semana sobre uma das maiores derrotas do PS-Madeira. Escrevo uma das maiores, porque já vai sendo difícil hierarquizar estes estrondos eleitorais socialistas, e não me atrevo a dizer que é a pior. Andará lá perto…
Já passou mais de uma semana, digo e até agora ninguém assumiu a derrota, se responsabilizou pelos maus resultados (alô Victor Freitas, alô Duarte Caldeira, alô Rui Caetano, alô Sérgio Gonçalves…) ou deu os parabéns aos vencedores (como manda a tradição democrática).
O que se viu e ouviu, desde a noite eleitoral em que o PS encolheu metade dos votos (22.363 votos, coisa pouca) e metade dos deputados (menos oito, deixando o Porto Santo, a Juventude Socialista e o Norte sem voz na bancada socialista), foi uma fuga para a frente, dizendo que os outros é perderam.
Na realidade alternativa onde o PS-Madeira vive, quem perdeu foi o quem teve 43,13% da preferência dos eleitores, recebendo 58.399 votos. E quem ganhou foi quem ficou-se pelos 21,30% com 28.844 votos.
Neste mundo ao contrário do PS, quem perdeu foi quem ganhou em todos os 11 concelhos e em 52 das 54 freguesias, e quem venceu foi quem perdeu em todos os concelhos e em todas as freguesias, mesmo naquelas como em Machico, Ponta do Sol ou Porto Moniz onde supostamente governam a autarquia.
No planeta do PS, quem se devia demitir é o líder do partido / coligação mais votada, que ganhou em todos os concelhos e em 52 das 54 freguesias, e quem deve ser aplaudido de pé é o líder do partido que despedaçou o grupo parlamentar, desbaratou mais de metade do seu eleitorado e não conseguiu convencer uma única freguesia, mesmo em terras tradicionalmente socialistas, como Machico, Caniçal ou Porto Moniz.
Nesta pós-verdade socialista, não é legítimo que o partido / coligação mais votado (repito, mais votado e largamente) procure e consiga um entendimento parlamentar para governar com estabilidade, mas já é perfeitamente normal que em Lisboa o PS faça o mesmo, mesmo quando em 2015 não foi o partido mais votado.
É neste mundo ao contrário que o PS-Madeira vive e tem vivido. Felizmente, para todos nós, os madeirenses vivem no mundo real.
Emanuel Camacho