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“Ménage à trois” no Melhor Destino insular da Europa

O rescaldo eleitoral do passado dia 24 evidencia que a desnecessária dramatização e pressão induzida por Albuquerque sobre o eleitorado durante a campanha, não resultou, obrigando-o a morder a língua, desmentindo-se.

A maioria absoluta que impediria a sua imediata demissão, afinal, não se concretizou, e a aritmética parlamentar atingiu o 24º deputado repescado na irreverente deputada do PAN, numa “ménage à trois”, numa governação cada vez mais poliamorosa.

O PS-Madeira que sofreu uma hecatombe expressa na perda de 8 mandatos e de ¼ dos seus votos, regride como possibilidade de alternância, mas, mesmo assim, reclamou a demissão de Albuquerque que venceu em 52 freguesias num total de 54 freguesias do arquipélago.

A pulverização de votos à esquerda serviu para reforçar JPP; contentar o PCP; fazer regressar o BE e o PAN.

E porque falando de animais, há um elefante na sala da política regional que já nasceu crescido, e que de uma assentada constituiu-se como um grupo parlamentar de 4 deputados. O CHEGA é neste momento, a 4ª força política no hemiciclo madeirense, apesar de aparentemente ignorado e marginalizado pelos demais partidos, que desfilam no cortejo das pias virtudes do politicamente correto.

À direita do espectro político o CHEGA entrou num concerto de piano a quatro mãos, e a Iniciativa Liberal que elegeu um deputado, ficou como aquela noiva no altar eternamente à espera do seu consorte, que à última hora, escolheu “outra” rapariga mais ousada nos preliminares.

Este acordo tripartido com várias pressões manifestas neste cozido “com todos”, ajudou a salvar a cândida face de Montenegro, que regressou assim a Lisboa, apenas com “meio-melão” no rosto. A opção pelo PAN revela bem as idiossincrasias da política regional, que tem um pátio muito pequeno, a que normalmente os continentais não entendem e cujas especificidades não podem ser transpostas para as dinâmicas políticas continentais.

À medida que desaparecem os mais velhos e indefetíveis sociais-democratas, menos possibilidade tem o PSD de se manter hegemónico. Sinal a meu ver, de que as juventudes partidárias já não têm o peso nem a atratividade de outrora. É desafiante para um partido que ganha há quase meio-século de forma qualificada, esteja a constatar que nos últimos atos eleitorais, esteja cada vez mais dependente de coligações ou acordos para manter uma maioria.

O PS-Madeira foi o principal e esperado perdedor. No Largo do Rato, um emissário de terceira linha, fez o choradinho da noite, enquanto António Costa, escondido, nem um fonema vocalizou para não ficar ligado à derrota madeirense. Mais uma que averba no que à Madeira diz respeito. Ouve-se por aí, que o Messias Cafôfo recauchutado em viagens pelo Mundo, regressará às lides socialista regionais e desta vez, sem necessitar de qualquer “barriga-de-aluguer” do Porto Moniz, ou de outra geografia regional.

Para além da espuma política, uma palavra de apreço para todos quantos, todos os dias, contribuem para o 9º reconhecimento da Madeira enquanto Melhor Destino Insular da Europa, pois nada é obra do acaso.