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Santos e bruxas

Continuamos na linha da frente dos casos denunciados de violência doméstica

Hoje é o dia a que chamamos de Todos os Santos. Penso que as Santas devem estar incluídas, para desgosto de alguns” brincalhões”, que dizem que este é o verdadeiro dia do Homem. Se algum/a jornalista for para a rua fazer uma reportagem sobre o significado deste dia, poucas serão as pessoas que o saberão explicar. É assim porque sempre foi assim. Antigamente também era o dia do “Pão por Deus” onde as famílias davam um saquinho às crianças, para irem pela vizinhança pedir castanhas, nozes, maçãs e mais o que havia para dar.

Há poucos anos foi introduzida a moda Americana do Halloween, na noite do dia 31 de outubro. Os Santos passaram a ser Bruxas e o Pão por Deus passou a ser “doçuras ou travessuras”. Se os vizinhos não derem as doçuras, pedidas às suas portas por crianças vestidas a rigor para o efeito, as suas portas são sinalizadas com o que tiverem à mão, que muitas vezes é papel higiénico.

Há escolas que festejam as duas datas como a coisa mais natural deste mundo e há mesmo pais que são quase obrigados a entrar neste jogo, mesmo querendo manter a tradição antiga, mas não querendo que os seus filhos se sintam discriminados por não entrarem na brincadeira das “bruxas” e do “terror que espalham”. E assim vão coexistindo tradições, tão díspares e tão distantes, mas que acabam por divertir também os adultos, que organizam festas temáticas, um pouco por todo o lado, cada vez com mais adesão.

A questão que se coloca é que, se para estas tradições tão diferentes, até se dá as mãos e nos divertimos, porque não dar as mãos por outras causas mais importantes, deixando de lado as religiões, que acabam por ter um Deus em comum? Em vez de guerras mortais, injustas, que matam a torto e a direito homens, mulheres e crianças, se respeite o direito de cada povo ter o seu País, e ser quem decide a sua organização social? Ninguém tem o direito de matar ninguém, nem de invadir e matar sem dó nem piedade mais de um milhar de pessoas desprevenidas. Mas a resposta não pode ser matar sem piedade um povo oprimido há muitos anos, a quem é negado o direito a ter o seu próprio País, a Palestina, deixando-o prisioneiro e dependente a morrer à fome, à sede e sem medicamentos e tratamentos, a viver sem casa, na rua, sem as condições minimamente dignas a que tem direito um ser humano. Esta guerra só acaba de vez quando acabarem os grupos terroristas e quando os Palestinianos tiverem o direito a ter o seu País independente e livre da ocupação por Israel. Esta devia ser a missão dos verdadeiros defensores da paz em todo o mundo.

Este mundo de “santos e bruxas” a brincar, está a ficar cada vez mais preocupante. Aqui na nossa terra, enquanto se anda a discutir, acordos contranatura, onde um dia dizem uma coisa e no outro dia dizem outra, foram divulgados os números da pobreza na Madeira e os das crianças institucionalizadas, que são a maior vergonha da Autonomia. De que nos servem tantos prémios de “Excelência” quando temos os trabalhadores com os menores salários do País? Quando temos o maior índice de pobres e quando as pensões em média também são as mais baixas do País?

Continuamos na linha da frente dos casos denunciados de violência doméstica e estamos na lista negra este ano, porque entramos novamente na estatística das mortes por causa deste flagelo.

Somos uma Região onde predominam as maiores desigualdades sociais mas quem nos governa prefere alimentar, e ostentar outra realidade, para turista ver, e os naturais que engulam porque foram a maioria que lá os colocaram, mesmo que a bengalinha possa ser uma bruxinha do Halloween.