BE defende proibição de animais nos circos na Madeira
O deputado eleito pelo Bloco de Esquerda à Assembleia Legislativa da Madeira apresentou uma proposta que pretende a proibição da manutenção e utilização de animais em circos em todo o território da Região. Além disso, pretende que seja atribuída ao Instituto Regional da Conservação da Natureza a responsabilidade pela garantia do bem-estar das espécies de fauna selvagem "que, eventualmente estejam em território da RAM, até estar concluído o processo da sua recondução a locais adequados, cessando imediatamente a utilização das espécies em espectáculos".
Numa nota enviada à comunicação social, a representação parlamentar bloquista recorda que o município do Funchal foi pioneiro na abolição de espetáculos de rua com animais e na proibição de circos com animais no seu território. "Tal medida justifica-se plenamente na defesa dos direitos destes seres vivos, tantas vezes sujeitos a condições de acondicionamento e transporte amplamente precárias, em virtude das características itinerantes da própria actividade circense", indica.
Por outro lado, os alojamentos em que os animais são mantidos são concebidos para serem facilmente transportados, sem o espaço necessário para os mesmos se exercitarem ou manifestarem qualquer tipo de comportamento natural. Os animais passam a larga maioria do tempo confinados a espaços pequenos, frequentemente sem as mínimas condições de higiene (é aqui que os animais se alimentam, fazem os seus dejetos, dormem). É comum assistir-se a distúrbios comportamentais graves dos animais, sobretudo os selvagens, sujeitos a este tipo de condições, nomeadamente a repetição continuada dos mesmos movimentos, automutilação, coprofagia, apatia, irritabilidade, entre outros. Em muitos casos a longa permanência nos alojamentos gera problemas crónicos de locomoção e, no caso dos animais de grande porte, normalmente presos com grandes correntes ou utensílios semelhantes, apresentam feridas e cicatrizes diversas. Esta é uma violência inadmissível perante as suas necessidades mais básicas. Bloco de Esquerda
O partido recorda que, em vários países, estas medidas já foram tomadas, fomentando o chamado 'novo circo', que aposta nas artes performativas, com acrobatas, equilibristas e palhaços. "O «novo circo» fez a opção artística de valorizar as artes que não utilizam animais e esta tem sido uma fórmula de sucesso na atracção de várias gerações de público, sobretudo das mais novas. A actividade ganhou um novo fôlego e capacidade de permanência num contexto de oferta cultural cada vez mais diversificada e competitiva", explica.