Ministro da Defesa russo acusa Estados Unidos de alimentarem tensões geopolíticas
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, acusou hoje os Estados Unidos da América (EUA) de estarem a alimentar tensões geopolíticas, visando assegurar a sua "hegemonia", e alertou para o risco de conflito entre grandes potências.
Durante um fórum de Defesa em Pequim, Shoigu acusou ainda Washington e os seus aliados na região Ásia Pacífico de estarem a minar a estabilidade regional.
"Para manter o domínio geopolítico e estratégico, os Estados Unidos estão deliberadamente a minar a base da segurança internacional e da estabilidade estratégica", afirmou, no Fórum Xiangshan, o maior evento anual da China centrado na diplomacia militar.
Os EUA e os seus aliados ocidentais, acrescentou, estão a ameaçar a Rússia através da "expansão para leste" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
"Os países ocidentais pretendem agravar o conflito com a Rússia e aumentar o risco de um grande confronto entre países", o que "vai ter consequências graves", advertiu.
Em relação à guerra na Ucrânia, Shoigu disse que Moscovo está aberto a negociações "se as condições forem adequadas".
O ministro falou logo após Zhang Youxia, o segundo principal oficial da China e vice-presidente da Comissão Militar Central, o braço político das Forças Armadas chinesas.
Zhang abriu o evento de três dias, face à ausência do general Li Shangfu, que foi afastado do cargo de ministro da Defesa da China na semana passada, após dois meses sem aparecer em público. O Governo chinês não deu detalhes sobre o afastamento de Li.
Representantes militares de dezenas de países estão a participar no evento, que é uma ocasião para Pequim sublinhar a cooperação militar com outras nações e projetar a liderança regional.
Zhang disse que a China está "disposta a desenvolver laços militares com os EUA com base no respeito mútuo, na coexistência pacífica e na cooperação vantajosa para todos".
A China suspendeu as comunicações militares com os EUA, em agosto de 2022, para mostrar o seu descontentamento relativamente a uma visita da antiga presidente da Câmara dos Representantes norte-americana Nancy Pelosi a Taiwan, que Pequim considera parte do seu território.
Zhang criticou "certos países" que "continuam a criar problemas em todo o mundo".
"Eles criam deliberadamente turbulências, intrometem-se em assuntos regionais, interferem nos assuntos internos de outros países e instigam revoluções coloridas", acusou.
Além disso, acrescentou, esses países "alimentam as disputas através do fornecimento de armas e de guerras por procuração" e "apoiam sempre injustamente um dos lados" nas disputas regionais.
Zhang apelou a "uma solução política para a crise ucraniana", e a "um cessar-fogo imediato e o fim da violência no conflito israelo-palestiniano e o rápido reinício das conversações de paz".
A China afirma que é neutra na guerra da Ucrânia, mas manteve a sua aproximação à Rússia, com frequentes visitas de Estado e exercícios militares conjuntos entre as duas nações.
Da mesma forma, Pequim quer projetar um papel de mediador na guerra Israel - Hamas, embora os especialistas digam que a sua influência no conflito é limitada.
Por outro lado, Zhang reiterou as ameaças do Governo chinês relativamente a quaisquer esforços de Taiwan para alcançar a independência.
"A China e os militares chineses nunca vão permitir que isso aconteça e nunca vão ser brandos com quem tentar separar Taiwan da China", frisou.