“Dignidade” e contradição
Mal soube que a coligação PSD/CDS falhara por 1 deputado a maioria absoluta, André Ventura (AV) apressou-se a fazer uma intervenção nos media afirmando que o Chega estava indisponível para qualquer entendimento com a coligação que vencera as eleições em todos os concelhos da RAM. AV ao tornar pública a sua indisponibilidade e do seu partido para um entendimento com a coligação vencedora das eleições colocou-se e ao seu partido fora de qualquer eventual solução parlamentar/governativa isto ainda antes de Miguel Albuquerque anunciar publicamente que não faria qualquer negociação com o Chega, tendo entretanto chegado a um acordo de incidência parlamentar com o PAN. A que propósito vem AV falar de “dignidade” e “traição” à direita se foi ele próprio que repudiou qualquer entendimento ou estaria apenas e só a fazer-se caro? “Este acordo fere-me enquanto antigo militante do PSD” disse AV contradizendo-se em mais uma demonstração que pouco ou nada lhe interessa a matriz ideológica do partido onde arranja guarida. AV equivocou-se ao aderir ao PSD porque confundiu um partido social-democrata e centrista, com o Chega o seu atual partido onde dá largas às suas ideias retrógradas de índole xenófoba e racista próprias de regimes anti-democráticos e com comportamentos fascistóides que nunca seriam tolerados no PSD. “Da nossa parte ainda bem, porque fica claro para os eleitores qual é o partido que defende os valores fundamentais da direita” disse ainda AV. Mas a que direita se refere AV? À direita reaccionária de Viktor Orban com as suas tiradas pró-nazis? À direita de Jair Bolsonaro que tal como Trump pretendeu transformar uma derrota eleitoral numa vitória desrespeitando a Constituição e incitando à violência contra órgãos democráticos? O compromisso de AV, enquanto não mudar de “poiso”, é defender os “valores fundamentais” desta direita intolerante, reaccionária, extremista e sempre pronta a pôr em causa a liberdade e a democracia.
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