Biden procura tranquilizar aliados sobre continuação de apoio dos EUA
O Presidente norte-americano, Joe Biden, procurou hoje tranquilizar os aliados dos Estados Unidos da América (EUA) quanto à continuação do apoio norte-americano à Ucrânia, que depende do resultado de discussões orçamentais que estão a ser, no mínimo, caóticas.
Biden realizou uma conferência telefónica para "coordenar a continuação da ajuda à Ucrânia", indicou a Casa Branca (Presidência norte-americana) num curto comunicado.
Nela participaram, segundo a mesma fonte, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
Também o secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), Jens Stoltenberg, o Presidente polaco, Andrzej Duda, o Presidente romeno, Klaus Iohannis, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, participaram na reunião por telefone.
Stoltenberg referiu, na rede social X (antigo Twitter), que tinha sido uma "boa conversa" e acrescentou: "Prometemos apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário".
Por seu lado, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, tinha assegurado na segunda-feira que o Presidente russo, Vladimir Putin, "se enganava" ao apostar no cansaço ocidental.
Acrescentou que os Estados Unidos anunciariam "em breve" uma nova ajuda para as Forças Armadas ucranianas, prevista num orçamento já aprovado pelo Congresso.
Ao mesmo tempo, Joe Biden mantém a pressão na cena política nacional, tendo escrito na rede social X que o Partido Republicano, que controla a Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), deve "manter a sua palavra e garantir a aprovação da ajuda necessária à Ucrânia para que ela possa defender-se".
"Somos a 'nação indispensável', comportemo-nos como tal", escreveu o Democrata de 80 anos, retomando uma terminologia cara à antiga secretária de Estado Madeleine Albright.
O Congresso norte-americano, formado pelo Senado (câmara alta), atualmente com maioria Democrata, e pela Câmara dos Representantes, dispõe de cerca de um mês e meio para adotar um orçamento anual que deverá incluir uma nova e elevada verba para financiar o apoio militar e humanitário à Ucrânia.
Até ao momento, a Casa Branca estima que serão necessários 24 mil milhões de dólares (22,9 mil milhões de euros) para continuar a apoiar o esforço de guerra ucraniano.
De facto, o Estado federal norte-americano deveria ter um novo orçamento desde 01 de outubro, mas tensões muito elevadas dentro da maioria Republicana na Câmara dos Representantes tornaram impossível qualquer votação.
A situação complicou-se ainda mais na segunda-feira, com a apresentação por um congressista da ala mais à direita do Partido Republicano de uma moção destinada a destituir o líder conservador da Câmara, Kevin McCarthy.
O Governo Biden tem-se recusado até agora a dizer exatamente quando se esgotarão os fundos já aprovados pelo Congresso para assistência à Ucrânia.
Os Estados Unidos encabeçam a coligação ocidental criada para enfrentar a Rússia e são também -- de longe -- os maiores fornecedores de ajuda à Ucrânia sob a forma de armamento pesado e sofisticado.
O conselheiro para a Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, avaliou recentemente em 47 mil milhões de dólares (44,9 mil milhões de euros) o montante da assistência militar fornecida a Kiev desde a invasão da Rússia, em fevereiro de 2022, uma soma à qual se junta um apoio financeiro direto de "entre um e 1,5 mil milhões de dólares (entre 950 milhões e 1,4 mil milhões de euros)" canalizado através do Banco Mundial e dez mil milhões de dólares (9,5 mil milhões de euros) em ajuda humanitária.
O Kiel Institute for the World Economy, um instituto alemão que está a registar a ajuda concedida à Ucrânia, estima que os Estados Unidos contribuíram até agora com um pouco menos que 75 mil milhões de dólares (71,6 mil milhões de euros), o que faz do país o maior doador mundial em termos absolutos e o 13.º maior, em relação ao seu Produto Interno Bruto (0,3%).