Deputado eleito da IL espera que acordo dure quatro anos mas tem dúvidas
O deputado eleito da Iniciativa Liberal (IL) à Assembleia Legislativa da Madeira, Nuno Morna, diz esperar que o acordo de incidência parlamentar entre a coligação PSD/CDS-PP e o PAN dure os quatro anos de legislatura, embora tenha dúvidas.
"Eu espero que, tanto da parte do PAN como da parte do PSD, isto tenha sido feito com responsabilidade, com uma atitude responsável e que seja para quatro anos. Foi isso que eles anunciaram e é para isso que eu estou preparado, não estou preparado para outra coisa", afirmou o futuro parlamentar, em entrevista à agência Lusa.
Questionado se está mesmo convicto da durabilidade do acordo ou se está a ser irónico, Nuno Morna reconheceu estar a ser "um pouco irónico".
"Mas, quero ter a convicção de que estou enganado e que isto vai durar os quatro anos, porque é isso que os madeirenses querem e merecem estabilidade, merecem que as coisas funcionem a seu favor sempre e nunca a favor de interesses grupais, sejam partidários, sejam de pequenos grupinhos, seja lá do que for", sublinhou.
O deputado eleito considerou também "estranho" que o CDS-PP, que concorreu às regionais de 24 de setembro coligado com o PSD, não tenha participado nas negociações com o PAN e tenha ficado de fora.
A coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições legislativas regionais, mas ficou a um deputado da maioria absoluta, tendo sido anunciado, dois dias depois, um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que conseguiu um mandato.
Interrogado se considera que o cabeça de lista da coligação e presidente do Governo Regional da Madeira desde 2015 devia ter priorizado a Iniciativa Liberal face ao PAN, Nuno Morna disse que Miguel Albuquerque "é livre" de "encetar conversas com quem quiser".
O eleito referiu que foi contactado na noite eleitoral por Miguel Albuquerque no sentido de fazer um acordo com a coligação PSD/CDS-PP, mas que sempre disse que não faria coligações.
Nuno Morna salientou que a IL estava a disponível apenas para dialogar e discutir proposta a proposta, considerando que foi o PSD quem "fechou a porta" a essas conversas.
Além disso, Miguel Albuquerque optou pelo "caminho mais fácil" ao negociar com o PAN, considerou o futuro parlamentar, argumentando que as propostas da IL "são muito mais estruturantes" e "bem mais complicadas de implementar" do que as do PAN.
"E o próprio Miguel Albuquerque também reconhece, por isso é que ele foi por aquele caminho. Isto há duas maneiras de fazer as coisas, há aquele caminho que é difícil em que levamos com a água pelo nariz e que temos que de vez em quando mergulhar um pouco e respirar, mas que depois mais à frente apanhamos a ladeira da subida e saímos dentro da água e há o caminho das pedras. O problema do caminho das pedras é que tem lodo e uma pessoa cai a meio. E, pronto, o nosso caminho seria um caminho dentro de água, porque neste momento todos os madeirenses, todos nós, estamos com água pelo nariz", afirmou.
"Nós temos que trazer à política uma nova dimensão. Um dos aspetos fundamentais do exercício da política é o conversar, é o dialogar, é a 'nuance', é eu poder ceder um bocadinho para do outro lado também haver uma cedência e possamos chegar a uma plataforma de entendimento", defendeu.
Para Nuno Morna, Miguel Albuquerque "é uma pessoa que tem alguma cultura" e "que pensa", mas "é impulsivo na maneira como aborda as questões e muitas vezes vai mais pelo 'achismo' do que outra coisa".
"E tivemos isso nestas eleições quando ele achou que podia pedir aos madeirenses que lhe dessem uma maioria absoluta e que, se isso não acontecesse, que se ia embora e ele estava a falar daquele momento e daquela configuração da coligação e depois no próprio dia teve que dar uma cambalhota e desdizer-se", sustentou.
"Era bom que se achasse menos e se pensasse mais, era bom que o conhecimento não estivesse afastado da decisão política. E, infelizmente, não é isso que acontece", lamentou.
Nuno Morna assegurou que fará uma "oposição construtiva" na Assembleia Legislativa da Madeira, apresentando sempre que possível uma "visão reformista" em questões fraturantes como a economia, a autonomia e a política.
O deputado eleito garantiu, por outro lado, que aprovará todas as propostas que vão ao encontro daquilo que o partido defende, independentemente de qual seja a força política a propor.
"E vamos votar contra aquilo que nós achemos que não beneficia em nada os madeirenses, que não tem nada a ver com aquilo que são os nossos princípios e com aquilo que nós perspetivamos para uma Madeira de futuro", acrescentou.
Nas eleições legislativas regionais de 24 de setembro, a coligação PSD/CDS-PP elegeu 23 deputados, o PS onze, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU (PCP/PEV), o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.