Venezuela e Guiana reacendem disputa por território com potencial petrolífero
O governo venezuelano pediu hoje à Guiana que suspenda as "declarações bélicas" e regresse ao diálogo para resolver o diferendo territorial sobre o Esequibo.
"A República Bolivariana da Venezuela, em defesa dos seus direitos legítimos e históricos sobre a Guiana de Esequibo, insta a República Cooperativa da Guiana a abandonar a corrida bélica, a assumir o diálogo diplomático e a abandonar as ações ilegais, contrárias ao Acordo de Genebra, que é o instrumento válido para a resolução do diferendo territorial entre ambos os países", lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores venezuelano. Caracas condena assim as recentes "declarações bélicas" do Presidente da Guiana, Irfaan Ali, nas quais anuncia que não cederá nem uma polegada do território em disputa, o Esequibo.
Segundo o portal venezuelano 'La Patilla', o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, anunciou na quinta-feira, durante uma visita ao Esequibo, que emitiu uma declaração conjunta com a oposição guianense na qual "deixaram bem claro que ninguém deve cometer um único erro: Esequibo é nosso, cada centímetro quadrado dele". "Respeitamos o direito internacional e é aí que se deve dirimir esta controvérsia com a Venezuela. Não deve ser noutro lugar que não no âmbito do Tribunal Internacional de Justiça, tal como lhe foi atribuído pelo secretário-geral das Nações Unidas", frisou Irfaan Ali, sublinhando que o seu país está comprometido com a paz e com "a salvaguarda e a defesa de cada centímetro quadrado do país".
A região de Esequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como "Zona em reclamação", está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra. Atualmente sob a soberania da Guiana, a zona inclui uma área de 160 mil quilómetros quadrados, equivalente a três quartos do total do país. A polémica agudizou-se nos últimos anos depois de a petrolífera norte-americana Exxon Mobil ter descoberto, em 2015, várias reservas de crude nas águas territoriais da zona em litígio.
Na semana passada o Governo da Guiana autorizou oito empresas petrolíferas estrangeiras a explorar jazidas petrolíferas em águas que são reclamadas pela Venezuela. A Venezuela realizará, no próximo dia 03 de dezembro, um referendo consultivo para que os venezuelanos "reforcem os direitos inalienáveis da Venezuela e do seu povo sobre o território Esequibo".