Semear vento, pode dar tempestade!
Tenho muita pena, que se fale e se escreva tanto sobre as desgraças, as guerras, os massacres, as mortes e pouco se fale ou escreva sobre, as coisas boas
Nunca houve tanto assunto deveras interessante para escrever, ... mas, sobretudo com temas manchados de sangue, de morte, de cinza, de destruição, de insegurança, ... e outros tantos “senãos”. Além da actual rapidez no desenrolar dos acontecimentos, ... de manhã p´ra tarde no mesmo dia, ... importa denunciar a existência de fragilidades que devíamos reconhecer e de vulnerabilidades que devíamos proteger.
Começo pela nossa ilha atlântica, onde se exteriorizou e divulgou uma saúde ambiental segura e/ou controlável e num ápice, se desencadeia uma série de incêndios florestais e peri-urbanos, aqui, ali e acolá, não directamente relacionados uns com os outros, que indicam uma mão... digo uma garra humana, de pessoas, que devem até habitar, ... á frente, atrás ou ao lado da “nossa” casa. Que conseguiram espalhar o pânico geral em poucas horas, em dezenas de diferentes locais do nosso mini-território. Tudo acompanhado com múltiplas informações e opiniões difundidas “in loco”, referindo e sugerindo, o vento, o calor, a humidade, como sendo os responsáveis por este semi-estado de sítio. Até de auto-combustão se falou e se explicou,... como se alguma vez tivesse sido observada neste território. Desde que nasci nunca vi um incêndio nascer do nada, ... assim como as bruxas, ... nunca vi nenhuma, mas que as há, há! Agora, churrascos, fogueiras, queimadas, cigarros mal apagados, são do mais comum na nossa santa terra, além das falhas nos cuidados absolutamente indispensáveis, ... que, assim esquecidos acabam nestas fatalidades. A negligência têm de ser combatida e sancionada,... com o conhecimento de todos, para que todos percebam o que não devem fazer e assim evitar a destruição da natureza e as perdas de bens e até de pessoas.
Paralelamente, como se já não chegasse uma guerra entre os vizinhos russos e ucranianos, renasce uma ebulição no Médio Oriente, numa zona muito nossa conhecida, frequentada por “anjos” e “demónios”, acontecendo de tal forma que mais parecia um filme histórico sobre a Idade Média, ... tal a dureza e crueldade das imagens. Afinal, em 2023, temos a repetição das histórias antigas de massacres, violentos, indiscriminados,... agora transmitidos em directo para os nossos olhos. Uma verdadeira provocação sem limites! E como já é apanágio nas ocorrências sinistras, vem a comunicação social metralhar e escalpelizar, cirurgicamente os factos, descrevendo e também imaginando como será a continuidade e progressão destes eventos, intoxicando a opinião pública com hipóteses, todas elas quase sempre negativas. Portanto, temos “demónios” de cara tapada e temos “anjos” sem asas, todos com armas na mão em confronto no Médio Oriente, coisa que não esperávamos, com esta dimensão. Nem no seio da longínqua savana africana, estas imagens ocorreriam, devido a qualquer discussão entre a fauna residente, na sua forma de conflito animal. Só mesmo a raça humana, e só ela, é capaz de proporcionar um espetáculo com esta abissal toxicidade real!
E agora? Mesa de negociações? Quem se vai sentar dum lado e do outro da mesa? Quem vai falar e o que vai dizer? Quais as propostas? Colocar muro novo? Acham possível uma convivência aceitável nesta zona da terra?
Tenho pena! Tenho muita pena, que se fale e se escreva tanto sobre as desgraças, as guerras, os massacres, as mortes e pouco se fale ou escreva sobre as coisas boas, a generosidade, a lealdade genuína, ... e ainda o apoio local e directo nos países em estado crítico. Países estes, que estão a desaparecer, porque são delapidados por terceiros - sempre os mesmos - com o aval directo dos seus “oligarcas” dirigentes políticos. No continente africano temos exemplos gritantes destes desequilíbrios em diversos países,... se não forem ajudados rapidamente, poderão mesmo eclipsar-se do mapa!