União Interparlamentar vai priorizar em 2024 temas de paz e segurança
O deputado português Duarte Pacheco, que hoje cessou funções na presidência da União Interparlamentar (UIP), para a qual foi eleita a tanzaniana Tulia Ackson, disse que, em 2024, o tema da paz e segurança é prioritário para a organização.
Duarte Pacheco, que durante três anos liderou a UIP, fez o seu último discurso enquanto presidente na 147.ª assembleia-geral da organização, que decorreu nos últimos quatro dias em Luanda, capital de Angola, tendo sido a primeira vez que se realizou num país africano de língua oficial portuguesa.
Segundo o deputado português, há desafios mundiais, como a crise no Médio Oriente que exigem dos parlamentares "uma urgência na reação".
"Mas, tal como noutros conflitos, vemos de que forma é que a violência chama mais violência e não a paz. Deve haver fim às hostilidades e discussões elevadas, o que queremos que aconteça entre Israel e a Palestina, que possam coexistir em segurança e paz", frisou.
O fluxo de ajuda humanitária para Gaza, apelou Duarte Pacheco, deve ser garantido, tal como a libertação de todo os reféns.
O deputado lembrou, ainda, que, nos dois últimos anos, se assistiu a "seis golpes de Estado, violência e muito terror por todo o Sahel, com 2,5 milhões de pessoas deslocadas".
Segundo Duarte Pacheco, a Declaração de Luanda hoje adotada pela UIP "é muito clara", no sentido de que haja instituições mais robustas, mais inclusivas, mais transparentes e que devem continuar a identificar respostas e a desenvolver uma governação legítima, apelando a que se ponha em prática o que foi decidido na 147.ª assembleia-geral.
"Em 2024, a UIP vai continuar o seu trabalho na área da alteração climática, mas, paralelamente, temos agora uma prioridade para 2024: Paz e segurança. Nós compreendemos que sem paz nada pode ser feito, é impossível pensar no desenvolvimento sustentável ou na paridade de género nos parlamentos, ou defender a participação dos jovens, com uma guerra, porque é nesse momento dos conflitos em que as pessoas só pensam em como sobreviver a uma guerra e não nas outras matérias", frisou.
O deputado reiterou que a paz e a segurança são essenciais, vitais, por isso os parlamentares da UIP decidiram que será prioridade para o próximo ano.
Duarte Pacheco saudou a eleição de Tulia Ackson para presidente da UIP, declarando-se convicto de que "vai ser uma presidente fantástica, porque tem força, competência e profissionalismo de uma mulher em África".
Por sua vez, a presidente da Assembleia Nacional de Angola, Carolina Cerqueira, ao encerrar o ato, destacou a eleição, pela primeira vez, de uma mulher africana para a presidência da UIP e a importância da inclusão de jovens e mulheres.
Carolina Cerqueira ressaltou que os intensos debates promovidos durante a assembleia que hoje findou levará os parlamentares a fazer vincar os valores que "incentivam o diálogo e a tolerância como meios privilegiados para harmonizar as diferenças entre os povos e os Estados".
"Nunca foi tão urgente e necessária a diplomacia parlamentar a todos os níveis, para sensibilizar os nossos Governos e as várias instituições a favor da paz", referiu.