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CCB recupera a gestão do próprio espaço com Museu de Arte Contemporânea

Novo museu foi criado depois da extinção da Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea - Coleção Berardo, após a denúncia, pelo Ministério da Cultura, de um protocolo de comodato assinado entre o Estado e Berardo

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O primeiro-ministro salientou hoje que o Centro Cultural de Belém (CCB) recupera agora a gestão do seu próprio espaço com a abertura do Museu de Arte Contemporânea e registou "um momento de grande satisfação" no panorama artístico.

Estas posições foram assumidas por António Costa, num curto discurso que se seguiu ao do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e ao do presidente do CCB, Elísio Summavielle.

"Dificilmente teríamos melhor forma de assinalar os 30 anos do CCB do que o CCB recuperar a gestão do seu próprio espaço", declarou o primeiro-ministro.

Tendo a ouvi-lo o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, os ministros da Defesa, Helena Carreiras, da Educação, João Costa, da Justiça, Catarina Sarmento, entre outros membros do Governo, o líder do executivo defendeu que a abertura do Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB) se insere na estratégia de "apoiar as iniciativas da sociedade civil, de promover iniciativas próprias do Estado ou dos municípios, tendo em vista reforçar a atenção em relação à arte contemporânea".

"Queremos ajudar a criar público e assim dinamizando uma sociedade mais criativa e mais inovadora", completou.

De acordo com António Costa, no panorama artístico, vive-se "um momento de grande satisfação".

"Na semana passada em Serralves [Porto] foi inaugurado um edifício que, mais do que um edifício, é uma verdadeira obra de arte. Como tal, está exposto e aberto ao público sem nenhuma outra perturbação de qualquer obra de arte até janeiro do próximo ano -- Um trabalho extraordinário do arquiteto Álvaro Siza", sustentou.

O Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), hoje inaugurado, apresenta exposições que reúnem as coleções Berardo, Ellipse, Teixeira de Freitas, e da artista belga Berlinde De Bruyckere.

Herdeiro das anteriores instalações no CCB dedicadas a exposições e depois ocupadas pelo Museu Coleção Berardo, o MAC/CCB vai abrir ao público às 21:30, com uma programação especial de entrada gratuita, que inclui uma performance musical de João Pimenta Gomes (sintetizador modular) com voz de Carminho, e a atuação do DJ Jonathan Uliel Saldanha.

No sábado e domingo, entre as 10:00 e as 19:00, o museu será palco de concertos, visitas guiadas e atividades pensadas para o público adulto e famílias, nomeadamente para a nova exposição "Atravessar uma ponte em chamas", da artista belga Berlinde de Bruyckere.

O MAC/CCB ficou com o depósito das coleções Berardo -- do qual o CCB se mantém fiel depositário, por decisão judicial -, Ellipse, adquirida pelo Estado em 2022, e a Teixeira de Freitas, aí depositada, abrindo com a exposição permanente "Objeto, Corpo e Espaço - A revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960" e "Coleção Berardo do Primeiro Modernismo às Novas Vanguardas do Século XX", num percurso com núcleos dedicados às principais vanguardas históricas da primeira metade do século XX, como o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo.

A exposição permanente inclui ainda algumas peças da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE) e da Teixeira de Freitas.

Criado depois da extinção da Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea -- Coleção Berardo, o MAC/CCB surge após a denúncia, pelo Ministério da Cultura, de um protocolo de comodato assinado entre o Estado e o colecionador de arte José Berardo, que passou a vigorar a partir de 01 de janeiro deste ano, sempre com a oposição do empresário.

A Coleção Berardo reúne os desenvolvimentos artísticos no mundo ocidental, no decurso do século XX, e inclui, entre outras obras, artistas estrangeiros de renome como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Chagall, Picasso e Andy Warhol, e de portugueses como Rui Chafes, Fernanda Fragateiro e Julião Sarmento.

As obras estão arrestadas pela justiça desde julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelo Novo Banco, pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BCP, que reclamam uma dívida de perto de 1.000 milhões de euros, que alegam ter do empresário.