Boa noite!

Em tempo de crise acentuada, há decisores que se especializam em dar com uma mão e a tirar com a outra, políticos sem rumo que se perdem atalhos e candidatos com soluções para tirar o Marítimo das mãos de Rui Fontes, a quem entregaram clube e SAD há não muito tempo. Vamos por partes.

. O BCE resolveu hoje não fazer alterações na taxa de juro de referência, o que acontece pela primeira vez desde Julho de 2022. Houve regozijo nacional, só que nem tudo são boas notícias. E não é só por causa das guerras, agora com o foco a incidir mais no conflito entre Israel e o Hamas, embora na Ucrânia também continue a morrer gente. E não é só por causa das incertezas inflacionistas. Em Portugal, à alegada “dupla boa notícia” enfatizada pelo primeiro-ministro, o Governo adiciona uma decisão que provoca falatório, também tomada esta quinta-feira, a de não impor nenhum travão às rendas, que aumentarão 6,94% no próximo ano, mesmo que para suavizar impactos prometa reforçar em 4,94% o apoio extraordinário a algumas famílias.

. A política regional padece de objectividade em diversas matérias, já que cresce o número dos sem rumo que se perdem atalhos quando podiam cerrar fileiras e ir directos aos assuntos. Na polémica em torno do teleférico do Curral das Freiras, uns dizem-se de mãos atadas, outros especulam sobre datas de contractos e quase ninguém fala dos instrumentos legais a que pode recorrer se é que tem coragem para travar aquilo que é questionável, mas que noutras paragens é concebido para gerar atractividade. Será que uns e outros já se esqueceram para que se servem as acções populares e as providências cautelares? Isto de ziguezaguear em plena recta não é bom sinal.

. O Marítimo vai testar nova solução no próximo mês. Alguns sócios acreditam que com eleições tudo se resolve. Se calhar são os mesmos que no último sufrágio entregaram o clube e a SAD a Rui Fontes. Porventura serão próximos dos que julgam que o contexto do futebol profissional não mudou e que basta o apoio da Região e uns trocos de patrocinadores e das transmissões televisivas para sustentar o desejo de subida. Não duvidamos que Carlos André Gomes queira colocar os interesses verde-rubros em primeiro lugar, que Miguel Silva Gouveia tenha disponibilidade para dar o seu contributo e que haja mais gente capaz de apresentar remédios para tapar o mais do que evidente buraco financeiro em curso. Afinal, no Marítimo cabem todos. O problema é que toda a gente sabe que sem avultado investimento, num contexto em que as receitas baixaram e os custos aumentaram, nenhum clube faz milagres, mesmo que tenha todos os sócios do mesmo lado.