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Madeira

Mudança de hora "não se justifica" na Madeira

Responsável pela Empresa de Electricidade garante que não se vislumbra, em termos energéticos, "nenhuma alteração no padrão de consumo" dos madeirenses e porto-santenses entre os horários de Verão e Inverno

Foto Shutterstock
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A Madeira atrasa os ponteiros do relógio na madrugada de domingo, mas nem todos concordam com o passo atrás em 60 minutos de forma a estar em linha com o horário de Inverno.

Um dos quais é Francisco Taboada. Do ponto de vista energético, o presidente do Conselho de Administração da Empresa de Electricidade da Madeira (EEM) justifica a sua posição com o facto de não se verificarem, nestas mudanças de horário, alterações significativas nos consumos.

Como se sabe, nos últimos anos tem havido sempre uma mudança de hora em Março e em Outubro. Do nosso ponto de vista, do ponto de vista da Empresa de Electricidade da Madeira, não se vê, enfim, nenhuma alteração no padrão de consumo relativamente a uma ou outra hora que é adoptada (...) não se vê no nosso diagrama de cargas uma implicação que justifique essa alteração da hora e a nossa opinião é que a hora se devia manter como está atualmente, atendendo a várias circunstâncias. Francisco Taboada
Declarações de Francisco Taboada à TSF-Madeira

Francisco Taboada recorda, no entanto, uma diretiva da Comissão Europeia de 2018 que pretendia acabar com estas alterações semestrais da hora de Verão e de Inverno. "Só que, entretanto, com a Covid e com as guerras que por aí apareceram, julgamos que a atenção se virou para outras áreas e mantém-se um impasse, havendo alguns países que querem continuar a mudar a hora e há outros países que não, que acham que a hora deve ser fixa".

No caso concreto da Região, o máximo responsável pela EEM lembra que qualquer alteração terá sempre de passar por Lisboa e sugere, a título meramente exemplificativo, a realização de um inquérito junto da população madeirense e porto-santense a fim de entender qual seria a vontade dos residentes. "Pode ser feito em qualquer altura, não há qualquer inconveniente nisso. Agora, depois a repercussão que isso terá na legislação ou a maneira como essa legislação será feita já é uma questão diferente", alerta.

Para abordar o tema também entrámos em contacto com o presidente da Associação de Astrónomos Amadores da Madeira. Fernando Góis comunga da mesma opinião.

"Estamos em sintonia. Tenho um amigo, o antigo director do Observatório Astronómico de Lisboa, Rui Agostinho, e uma vez que tiver a oportunidade de dizer a ele que discordava da retórica que eles justificam com a história da mudança da hora. A Madeira está numa zona geográfica que efetivamente não havia necessidade de fazer mudança", defende.

Declarações de Fernando Góis à TSF-Madeira
Ele disse que é por causa das crianças das escolas, que tem muita influência, acontece aqui uma série de coisas que é irem mais cedo para a escola e voltarem para casa já de noite. Bom, não concordo, mas isto é a minha opinião. Fernando Góis

"Não justifica que efetivamente se faça a mudança da hora. Era perfeitamente mais adaptável ao horário normal do Meridiano de Greenwich. E, portanto, o horário do tempo universal é aquilo que efectivamente nos dão, algumas garantias, chamemos-lhe assim, em termos de vivência social. Não influencia demasiado a mudança para a noite ou para a manhã, portanto, estamos perfeitamente de acordo que a mudança da hora é mais prejudicial do que benéfica em termos de, por exemplo, da rotina diária a que nós estamos habituados", prosseguiu Fernando Góis.

Relógios atrasam uma hora na madrugada de domingo

Portugal continental e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores vão atrasar os relógios uma hora na madrugada do próximo domingo, dando início ao horário de inverno.

Ora, numa hipotética alteração, o próprio País poderia vir a ter três fusos horários. Açores, Madeira e Continente teriam, neste cenário hipotético, horas diferentes. Fernando Góis assume que esse é um tema que já foi, inclusivamente, discutido entre os seus pares.

Isso é um dos tais problemas que também está, vamos lá ver, no âmbito da conversa. É que quer a Madeira, quer os Açores, quer o Continente, deveriam ter só um fuso único. Devia ser só um único para não haver diferença de horário. Fernando Góis