PS apoia posições de Guterres e critica “más interpretações” e política de “barricada”
O PS manifestou hoje apoio às posições assumidas pelo secretário-geral da ONU sobre o conflito entre Israel e o Hamas, lamentou as “más interpretações” das palavras de António Guterres e criticou a “política de barricada” neste conflito.
“Prestamos toda a solidariedade e apoio às declarações do secretário-geral das Nações Unidas. O que se tem passado nas últimas horas é fruto de uma má interpretação das palavras” de António Guterres, declarou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Francisco César.
Na terça-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, António Guterres afirmou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo" - uma posição que levou Israel a pedir a sua “imediata demissão” do cargo de secretário-geral da ONU.
Perante esta polémica, Francisco César assinalou que a posição do PS sobre o conflito entre Israel e o Hamas coincide com a das Nações Unidas.
“No passado dia 7, o Hamas perpetrou um atentado terrorista que não tem qualquer tipo de justificação e que teve um enorme impacto na população de Israel. A libertação dos reféns que o Hamas tem em seu poder é fundamental, deve ser imediata e sem qualquer tipo de condições”, frisou o dirigente da bancada socialista.
Francisco César observou que Israel “tem o direito e o dever de se defender”, mas apontou que a autodefesa “tem regras que estão presentes no Direito Internacional Humanitário e que devem ser cumpridas”.
“Quando essas regras não são cumpridas faz com que aquele que atacou, violando os direitos humanos, não tenha a resposta adequada de uma democracia ocidental como a do Estado de Israel, que tem o dever e a obrigação de fazer jus ao exercício da democracia que o seu próprio Estado pratica”, disse.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu um cessar-fogo humanitário e que a população palestiniana não seja privada de condições mínimas de dignidade, como agua e eletricidade.
“Parece que temos uma política de barricada, em que uns estão do lado palestiniano e outros do lado de Israel. Impõe-se a razoabilidade de dizer que o lado certo é o dos que querem fazer a paz, querem combater o terrorismo, defendem o cumprimento do Direito Internacional e das resoluções das Nações Unidas”, acrescentou.
Em comunicado, o PS manifestou a sua total solidariedade com a intervenção de António Guterres no Conselho de Segurança das Nações Unidas, considerando que “sempre promoveu todas as ações para prosseguir o caminho da paz e, como tal, não hesitou em repudiar sempre todos os atos terroristas, em particular do Hamas, ou de abuso no uso da força, seja quem for o seu o autor, defendendo a clara proteção dos civis e das vítimas inocentes”.
“Da mesma forma, o secretário-geral da ONU reiterou sempre a necessidade da negociação de um cessar-fogo imediato que, em respeito pelo direito internacional, inclua a libertação de reféns civis e a abertura de corredores humanitários na Faixa de Gaza, bem como um caminho para o cumprimento das múltiplas resoluções das Nações Unidas, que conduzam a uma solução política que garanta a existência de dois Estados e a concretização do direito do povo palestiniano a um Estado viável, soberano e independente, com as fronteiras de 1967”, lê-se no comunicado.
Na terça-feira, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), numa intervenção em inglês, António Guterres considerou que "é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram num vácuo", acrescentando que "o povo palestiniano tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante".
António Guterres defendeu que "as queixas do povo palestiniano não podem justificar os ataques terríveis do Hamas", assim como "esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano".
No início da sua intervenção, o secretário-geral da ONU referiu que condena "inequivocamente os atos de terror horríveis e sem precedentes do Hamas em Israel" e disse que "nada pode justificar a morte, os ferimentos e o rapto deliberados de civis – ou o lançamento de foguetes contra alvos civis".
Na mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, acusou António Guterres de estar desligado da realidade e de mostrar compreensão pelo ataque do Hamas de 07 de outubro com um "discurso chocante".
Na rede social X, ex-Twitter, o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de António Guterres das funções de secretário-geral desta organização.
Hoje, Gilad Erdan anunciou a decisão de Israel de não conceder vistos a representantes da ONU, numa entrevista à Rádio do Exército israelita.