PR promulga diploma que cria apoio psicológico a vítimas de assédio sexual no ensino superior
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou hoje o decreto que cria respostas de apoio psicológico para vítimas de assédio e violência sexual no ensino superior.
O diploma alarga ainda "o âmbito de aplicação dos códigos de boa conduta para a prevenção e combate ao assédio a todos os membros da comunidade académica", lê-se num comunicado publicado hoje na página oficial da Presidência da República.
O diploma resulta de um projeto de lei do Livre aprovado no parlamento que define que as vítimas devem ter serviços de apoio psicológico e psicoterapêutico, "com recurso a metodologias de intervenção individual ou em grupo e baseadas em abordagens especializadas, como abordagens psicoterapêuticas em trauma, de terapia afirmativa, ou cognitivo-comportamental".
Para trás ficaram propostas como a do Chega ou do Bloco de Esquerda que defendiam alterações ao Código Penal para que fossem agravadas as penas de assédio sexual e a criação do crime de assédio sexual.
As iniciativas dos partidos políticos surgem pouco depois da polémica em torno das denúncias de assédio sexual e moral envolvendo o conhecido investigador do Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade de Coimbra, Boaventura Sousa Santos.
Um levantamento realizado pela Lusa em abril, revelou que só no ultimo ano tinham sido feitas mais de 150 queixas em instituições no norte ao sul do país.
As 19 instituições que responderam - onze universidades e oito institutos politécnicos -- revelaram ter recebido 154 queixas de assédio sexual, moral, "questões pedagógicas" e casos de discriminação.
As respostas mostraram que, até então, só duas instituições tinham penalizado os alegados agressores responsáveis por quatro queixas: Três professores e um aluno.
No ano passado, foram também conhecidas dezenas de denúncias de assédio e discriminação na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, identificadas num relatório do Conselho Pedagógico da instituição.
Nas semanas seguintes, surgiram novos casos em outras instituições e, já este ano, o fenómeno voltou à ribalta com a divulgação de novos casos no CES.
Em abril, a ministra do Ensino Superior revelou que os serviços receberam 38 queixas de assédio sexual nos últimos cinco anos, dos quais apenas quatro acabaram por resultar em sanções.
Ainda em 2022, o Governo recomendou às instituições que criassem canais de denuncia e códigos de éticas e conduta mas, um outro levantamento feito em abril deste ano pela Lusa, revelou que poucas instituições tinham esses instrumentos já em funcionamento, havendo muitos casos em que os processos ainda estavam na sua fase embrionária.