Por uma boa gestão da Floresta
Em 2020, aquando de um grave incêndio que deflagrou na Ponta do Pargo, o grupo parlamentar do PSD apresentava como solução milagrosa a disponibilização de meios aéreos de combate aos incêndios. Foi entregue, por isso, um projeto de resolução, na Assembleia Legislativa da Madeira, recomendando ao Governo da República que assumisse “a disponibilização dos meios aéreos na Região, durante todo do ano, para o combate e prevenção aos fogos florestais”.
Claro, que percebemos a intenção do PSD: fazer a crítica habitual ao governo da República e descartar, como sempre, qualquer responsabilidade da sua parte na gestão da floresta.
Nos incêndios deste ano, já existiam meios aéreos e, infelizmente, não foram suficientes para evitar o pior. O culpado já não foi a República. Mas nunca é o governo regional.
Sabemos que há culpados diretos, que são quem ateia o fogo e faz fogueiras não autorizadas em tempo seco e quente. Esses ficam sob ação da justiça e mesmo que tenham uma sentença severa, haverá sempre outros com ações semelhantes. Mas onde estão as políticas públicas de gestão da floresta e da prevenção de incêndios florestais?
O PS, por sua vez, apresentou em fevereiro de 2020, em alternativa e porque considerava que os incêndios devem ser evitados com uma boa e ativa gestão da floresta, um projeto de resolução para que a Região optasse “por uma gestão ativa das florestas para as tornar mais resistentes aos incêndios”.
Sabemos que nunca se conseguirá evitar a ação tresloucada do ser humano. Basta um para fazer grandes prejuízos. No entanto, a melhor forma de evitar os incêndios é preveni-los, através da manutenção e limpeza dos terrenos baldios e com a criação de mecanismos que incentivem os particulares a fazer a limpeza dos seus terrenos, bem como a sua rentabilização através da agricultura e pastoreio.
É essencial na Região um plano de gestão florestal que envolva as comunidades locais e que contemple não só a vertente da conservação, mas também a vertente produtiva e económica. Se a floresta for produtiva e bem conservada, isso terá impactos importantes, nomeadamente na manutenção das manchas florestais, na retenção das águas e na prevenção contra os incêndios e, consequentemente, estaremos todos mais protegidos.