Organizar o Território para evitar as Catástrofes
Aluviões são fenómenos cíclicos e naturais que tem ocorrido com intensidades diferentes na RAM. São provocados por precipitação intensa que originam cheias repentinas, de grande magnitude, estando estas associadas a desmoronamento, escorregamento de vertentes e a um enorme potencial destrutivo.
Árvores, blocos rochosos, terrenos agrícolas, tudo é arrancado e transportado pelas águas em correria louca vale abaixo até o mar.
Ficamos com a morte. É a tragédia.
A 29 de outubro de 1993 - por toda a ilha tivemos 4 vítimas mortais, 4 desaparecidos 306 desalojados, 76 habitações afetadas e 27 feridos.
A 20 de Fevereiro de 2010 foram 45 vítimas mortais, 6 desaparecidos, 250 feridos e 600 desalojados.
Atualmente, explorações agrícolas, habitações, armazéns, unidades industriais, quartéis de bombeiros, escolas, centros de saúde, centrais elétricas estão instalados nos leitos de cheia das ribeiras.
As bacias hidrográficas são pequenas em dimensão. A orografia é vigorosa, as vertentes estreitas, cercadas por encostas com elevado declive, linhas de água com comprimentos curtos que tem origem a grandes altitudes e estendem-se até o mar.
Continua-se a encanar as ribeiras, transformando-se em apertados canais, substituindo-se os meandros redutores de energia, por travessões que rapidamente ficam assoreados e perdem eficácia.
São erros, sobre erros: o afunilamento das canalizações das ribeiras, diminuindo a secção de vazão, o que aumenta a velocidade das águas e dos sedimentos.
O que fazer para minimizar o efeito dos aluviões?
Dos 1400 aos 600 metros as acácias e os eucaliptos impuseram a sua vontade. As instituições públicas assistem impávidas e serenas a este crime ambiental.
O nosso entendimento , e de muitos homens da ciência e da técnica que devem ser desenvolvidos esforços para retomar as variadas espécies de arbustos e pequenas plantas da Laurisilva e com maior infiltração de água e mais eficaz proteção do solo.
O que fazer ? Que orientações para proteção contra os aluviões?
Promoção do coberto vegetal adequado. Implementação de sistemas de drenagem eficazes em zonas críticas das encostas para evitar concentrações locais de escoamentos superficiais, propiciadoras de movimentos de massas.
Avaliação das encostas onde ocorreram os movimentos e deslizamentos de terra , que afetaram a destruição de casas e terrenos agrícolas de modo a aferir as zonas que valerá a pena recuperar. Planeamento integrado de gestão dos recursos hídricos. Definição de um modelo hidrodinâmico capaz de se conhecer a situação em tempo real. Elaboração de carta de riscos de aluviões. Criação de uma rede alternativa de comunicações.
A situação dramática quanto aos aluviões não pode ser dissociado da problemática dos incêndios : ausência de um coberto vegetal adequado, com espaços corta fogo e de caminhos de combate a incêndios devidamente equipados.
É necessário aprender com o passado. São necessárias verbas significativas para mitigar os efeitos desta situação.
Participamos ativamente, em sede própria, na discussão dos PDMS, na Organização do território. No Programa da orla costeira, mas o autismo do governo e das autarquias foi total, nem responderam aos nossos contributos. É esta a democracia musculada que temos na região.