Será verdade que durante a recente onda de calor que assolou a Madeira foram registadas temperaturas médias acima de 30ºC?
O presidente do Governo Regional associou ao grande incêndio que assolou os concelhos da Calheta e do Porto Moniz também o facto de a Madeira ter enfrentado ciclo de dias com “temperaturas superiores a 30 ºC, em média”.
O presidente do Governo Regional associou ao grande incêndio que lavrou durante dias e ‘saltou’ do concelho da Calheta para o concelho do Porto Moniz, as elevadas temperaturas do ar, ao ponto de dar nota que a Madeira havia registado temperaturas médias superiores a 30ºC.
No dia em que regressou à Região, depois de uma semana de ausência, Miguel Albuquerque não perdeu tempo em deslocar-se até ao Porto Moniz, onde ainda fumegava o resultado do assustador incêndio, para junto do posto de comando que havia sido montado no sítio da Santa, e perante um ‘batalhão’ de jornalistas, ter lembrando que a Madeira havia enfrentado dias de tempo quente com temperaturas atípicas, ao ponto de ter declarado que haviam sido registadas “temperaturas superiores a 30 ºC em média na Região”, referindo-se sobretudo à recente onda de calor.
Com efeito e em particular a ilha da Madeira, fora assolada, entre os dias 4 e 13 de Outubro, por um ciclo anormal de tempo (demasiado) quente, com registos diários da temperatura máxima sempre acima dos 30ºC, ao ponto de ter sido, por duas vezes, batido o recorde da temperatura máxima alguma vez registado no mês de Outubro (34,7ºC no Funchal, no dia 5 de Outubro, e 36,4ºC em São Vicente, no dia 9).
Apesar da persistência de valores muito elevados da temperatura máxima nesses dez dias ‘de Verão’ em pleno Outono, a temperatura média (diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima) foi sempre inferior a 30ºC em todas as estações climatológicas da rede do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) no Arquipélago da Madeira.
Os registos oficiais do IPMA comprovam-no (apuramentos de 2 a 15 de Outubro 2023).
61.2No referido período (de 4 a 13 de Outubro) as temperaturas médias mais altas registadas na rede do IPMA situaram-se entre os 27,4ºC, obtida no Funchal/Lido, no dia 11, e os 29,8ºC, sentidos em São Vicente, no dia 12. Nessa quinta-feira (dia 12), véspera do regresso de Miguel Albuquerque à Madeira acabou por ser o dia mais quente desta onda de calor, apesar de não ter sido o dia com a temperatura máxima mais alta alguma vez registada no mês de Outubro em toda a Região. Nesse dia a temperatura do ar, em São Vicente, variou entre os 25,3ºC, de mínima, e os históricos 34,3ºC (29,2ºC de temperatura média).
Os dados preliminares do IPMA apresentam mais quatro dias do período em análise em que a temperatura média do ar chegou a ficar (muito) próxima dos 30ºC (dia 5, 29,2ºC no Funchal/Observatório; dia 8, 29,6 na Ponta do Sol/Lugar de Baixo; dia 9, 29,2 em São Vicente; e dia 10, 29,0ºC na Ponta do Sol/Lugar de Baixo).
Mesmo no tradicionalmente mais quente mês de Verão, o mês de Agosto, a temperatura média mais alta registada na Madeira não ultrapassou os 26ºC.
Há contudo três registos da temperatura média do ar que este ano superaram a marca dos 30ºC. Tal verificou-se durante a canícula que assolou a Região no final do mês de Junho. Mais precisamente no dia 27, dia em que foi batido o recorde da temperatura máxima alguma vez registada no Arquipélago da Madeira (39,1ºC na Quinta Grande).
Nessa terça-feira ‘tórrida’ as estações climatológicas da Quinta Grande, Funchal/Observatório e Cancela/SRPC, registaram, respectivamente, temperaturas médias de 31,7ºC (24,3ºC, mínima/39,1ºC máxima), 31,3ºC (23,9/38,7ºC) e 30,8ºC (25,7ºC/35,9ºC).
Importa ter em conta que este episódio de calor extremo ocorreu há já três meses e meio, e além disso, o que declarou Miguel Albuquerque no final da semana anterior, teve como argumento a recente onda de calor e os sucessivos incêndios que deflagraram já este mês.