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Número de países que enfrentam ameaças ecológicas graves aumentou 10 vezes

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A insegurança alimentar aumenta o risco de conflito em 36% e o número de países com pouca resistência a ameaças ecológicas graves aumentou 10 vezes, segundo um novo relatório do Instituto para a Economia e a Paz (IEP).

De acordo com a pesquisa sobre Ameaças Ecológicas (ETR), "os níveis atuais de degradação ecológica irão agravar-se, intensificando não só os conflitos existentes, mas também possíveis futuros conflitos" e provocando dessa forma um aumento de migrações forçadas.

"O número de países afetados por ameaças ecológicas graves e por uma baixa resiliência social aumentou de 3 para 30 no último ano", 10 vezes mais, defendeu o ETR.

Os países afetados, designados de países 'hotspot' acolhem cerca de 1,1 mil milhões de pessoas, um aumento de 332 milhões no mesmo período.

Em 2023, foram considerados 26 países 'hotspot', maioritariamente países africanos.

"A degradação ecológica e os conflitos são cíclicos, sendo que a degradação dos recursos conduz ao conflito, da mesma forma que o conflito conduz à degradação dos recursos", conclui o relatório.

Acrescenta ainda que as regiões com maiores défices de governação, Estado de Direito e com altos níveis de pobreza são aquelas onde a degradação ecológica provoca mais impacto.

Os conflitos são frequentemente expandidos de um país para o outro, afetando não só a própria região, mas também outras, o que reflete num aumento de deslocados.

"Atualmente, existem mais de 108 milhões de pessoas deslocadas, um aumento de 24% desde 2020", sendo que "até 2050, 2,8 mil milhões de pessoas irão viver em países com graves ameaças ecológicas, em comparação com as 1,8 mil milhões em 2023", estimou o IEP.

Uma das principais conclusões do relatório é que 1 em cada 4 pessoas em todo o mundo não têm acesso regular a água potável, ou seja dois mil milhões de pessoas, sendo que "um aumento de 25% de risco e água aumenta a probabilidade de conflito em 18%".

A falta de acesso a água potável agravada pelas baixas precipitações é um problema com tendência para se agravar devido ao aumento das temperaturas, defendeu o ETR.

Segundo a pesquisa, as alterações climáticas aumentam o risco de fenómenos como secas, tempestades e inundações, pelo que as "taxas de mortalidade são sete vezes mais elevadas em países com baixos níveis de resiliência e paz".

Em 2022, o Fundo Central de Resposta a Emergências das Nações Unidas concedeu 35% do seu orçamento para combater desastres naturais, quase duas vezes mais do que há uma década.

As mais recentes pressões sobre os preços dos alimentos, que aumentaram 33% desde 2016, colocaram exigências adicionais aos países que já sofriam de insegurança alimentar, a maioria dos quais na África Subsariana.

O relatório prevê que, até 2050, a população da África Subsariana aumente para 2,2 mil milhões, mais de 60%, o que "aumentará drasticamente a pressão sobre os abastecimentos de alimentos e água".

O número de cidades com uma população acima de 10 milhões deverá aumentar de 33 para 50 até 2050, acrescentou a pesquisa, destacando ainda que este aumento traduz de igual forma um aumento do crime, da pobreza e da poluição.

"Os países que dependem bastante dos combustíveis fósseis irão enfrentar grandes dificuldades devido à falta de assistência durante a transição verde que se aproxima", concluiu o ETR.

O relatório ETR analisa ameaças ecológicas a nível mundial, avaliando os países e áreas com maior risco de conflito, agitação civil e deslocação causados pela degradação ecológica e alterações climáticas.

O relatório engloba 221 países e territórios independentes, divididos em 3.594 áreas subnacionais.