Capital e trabalho
A longa marcha populista do PSD acerca da política salarial dos Governos do PS. Em 2015, o primeiro Governo de António Costa, resultante de um acordo parlamentar à Esquerda, começou uma política de aumento do salário mínimo nacional, com efeitos na Região. Qual a reação do PPD?
1. Primeiro, disse que isso teria efeitos negativos na Economia, porque muitas empresas não poderiam pagar e iam para a falência com o consequente aumento do desemprego. Nada isso aconteceu e começou, assim, uma transferência direta dos rendimentos do Capital para os rendimentos do Trabalho.
2. Vendo isso, o PPD e toda a corte mediática que o acompanha, desviaram o foco para o salário médio, afiançando que o salário médio estava cada vez mais perto do salário mínimo, como se fosse o salário médio que tivesse descido e isso não fosse resultante do aumento do salário mínimo.
3. Finamente, e não obstante as vagas sucessivas de obstáculos inesperados, a pandemia, as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, as agências internacionais registam que Portugal é dos poucos países em que o aumento do salário médio suplanta o aumento de inflação.
Que mais dirá agora o PSD para corrigir o percurso populista e demagógico quanto à política salarial do Governo? Porventura que os salários do topo da pirâmide salarial estão cada vez mais próximos da média da pirâmide. O problema não é a demagogia do PSD, mas a sua crença de que a questão económica se resolve através do IRC e não do IRS. Talvez dos dois, em que a descida do IRC deve sempre ser negociada com a consequente subida dos rendimentos do trabalho, ou seja, dos salários, aumentando o equilíbrio dos rendimentos do trabalho e do capital, o que aconteceu nestes anos de governo de António Costa. Uma coisa é certa: os rendimentos do trabalho ficarão em Portugal. Os rendimentos do Capital, ficarão ou não.
Miguel Fonseca