Rússia acusa ex-soldado nazi ovacionado no parlamento canadiano de genocídio
O ex-combatente nazi ucraniano que foi homenageado pelo parlamento canadiano em setembro está a ser acusado na Rússia de "genocídio" de civis na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, anunciou hoje o comité de investigação russo.
Yaroslav Hunka, de 98 anos, foi acusado à revelia, referiu o comité, acrescentando que a possibilidade de emissão de um mandado de captura internacional e de uma detenção à revelia está "em vias de ser decidida".
Acusado de ter combatido nas SS, a organização paramilitar do Partido Nacional-Socialista (nazi) alemão, Hunka foi aplaudido em setembro no parlamento do Canadá pelos deputados, pelo primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, e pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que posteriormente referiram desconhecer o seu passado.
A unidade que alegadamente integrou é acusada de matar "pelo menos 500 cidadãos da União Soviética", incluindo judeus e polacos, numa aldeia da região de Lviv, no oeste da Ucrânia.
O comité russo indicou ter pedido a colaboração do Canadá, da Polónia e da Bielorrússia para a sua investigação.
O ministro da Educação polaco já tinha anunciado que ia pedir um inquérito para verificar se este veterano ucraniano tinha cometido algum crime na Polónia, na perspetiva de uma eventual extradição.
No início de outubro, o Presidente russo, Vladimir Putin, considerou "absolutamente repugnante" que o antigo soldado tenha sido aplaudido, designadamente por Zelensky.
"O Presidente da Ucrânia levantou-se e aplaudiu um nazi que assassinou judeus. Não significa isto um sinal da nazificação da Ucrânia?", declarou Putin.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.