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Fact Check Madeira

Será que as últimas regionais na Madeira foram as eleições com maior envolvimento das estruturas nacionais?

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As últimas eleições legislativas regionais, realizadas a 24 de Setembro deste ano, contaram com uma forte participação de elementos das estruturas nacionais de muitas das várias forças partidárias envolvidas. Mas terão sido as eleições com maior envolvimento nacional dos partidos, na Madeira?

O esclarecimento à dúvida não é linear. Na impossibilidade de fazermos uma análise exaustiva de todos os actos eleitorais para o parlamento regional e na inexistência de um estudo sobre o assunto, vamo-nos limitar às eleições de 2019 e às deste ano.

Relativamente a 2019, do levantamento, realizado pelo DIÁRIO, constata-se que, na semana após às eleições, a imprensa regional quase não noticiou posições nacionais, à excepção da segunda-feira pós eleições.

Antes disso, o maior envolvimento das estruturas nacionais, no período de pré-campanha e campanha, foi do PS, com o secretário-geral António Costa a deslocar-se à Madeira e a participar num comício em Machico. Naquela altura, muitos socialistas acreditavam que, com a lista encabeçada por Paulo Cafôfo, seria possível arredar o PSD do poder na Região, o que esteve próximo de acontecer.

Desta vez, em 2023, António Costa também esteve na Madeira, no período pré-eleitoral, mas num discreto comício de sala, novamente em Machico, e com uma acção anunciada como arruada, mas que não o foi. Depois disso, António Costa só reapareceu na política regional quando felicitou Albuquerque pela vitória eleitoral.

Já o líder do PSD, nem só esteve na campanha eleitoral, mesmo sem ser solicitado pela estrutura regional, como quis participar na noite eleitoral, na tentativa de se colar à vitória absoluta, que se antevia, do seu partido. Foi a primeira vez que tal se verificou. Não obteve maioria absoluta, mas obteve um resultado suficiente para afirmar: PSD-1 / PS-0; Montenegro-1 / António Costa-0.

Nuno Melo esteve, igualmente, na Madeira, nomeadamente na noite eleitoral do PSD/CDS.

Os demais partidos também tiveram apostas fortes. O presidente do Chega esteve várias vezes na pré-campanha e na campanha. O mesmo aconteceu Inês Sousa Real do PAN e com a ex-presidente do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e com a actual porta-voz, Mariana Mortágua.

Inês Sousa Real interveio directamente na primeira abordagem do PSD ao seu partido e tomou várias posições públicas.

As últimas eleições regionais motivaram, na última semana, posições das estruturas e de dirigentes regionais, como raramente se viu. Depois de conhecida a solução de alianças de Miguel Albuquerque, até o presidente do CDS, parceiro de Governo, fez declarações públicas a criticar as opções do presidente regional do partido com quem governa, o PSD. Além disso, escreveu uma carta aos militantes do CDS com as críticas.

O Iniciativa Liberal, eventualmente na expectativa de que pudesse fazer parte da solução a adoptar por Albuquerque, também veio criticar o entendimento com o PAN. No dia 26, Rui Rocha fez-se ouvir.

Na mesma data, Augusto Santos Silva, destacado militante do PS e presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, antigo presidente dos Açores, e o Chega-Açores tomaram posições.

O assunto eleições regionais e entendimento de base parlamentar entre PSD e PAN também foram assunto de debate e de troca de galhardetes na Assembleia da República.

Apesar do que aqui foi dito, não é seguro afirmar com 100% de certeza que as eleições legislativas regionais de 2023 foram as que mais envolvimento das estruturas nacionais suscitaram. Isto deve-se a dois factos: como referido ao início, não há um estudo de fundo sobre o tema e, por outro lado, a expressão pública na campanha e pré-campanha são apenas um dos aspectos do possível envolvimento macional. Outros aspectos podem aqui ser exemplificados com financiamento, assessorias, suporte logístico, entre vários outros.

Por isso, é imprecisa a afirmação de que as regionais deste ano foram as eleições com maior envolvimento nacional, apesar de essa ser a percepção de muitos actores políticos, de que é exemplo Mota Amaral (para ilustrar com alguém de fora da Região): "Não me recordo de ter havido em anteriores noites eleitorais, no Funchal, lideres partidários nacionais"

"Nunca vi as estruturas nacionais dos partidos se envolverem tanto numas eleições regionais da Madeira, como aconteceu e acontece neste ano" – comentários nas redes sociais