Alexandra Leitão diz que acordo com PAN descredibiliza políticos
Alexandra Leitão, ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública e actual deputada socialista na Assembleia da República mostrou-se surpreendida com a solução governativa encontrada na Madeira por Miguel Albuquerque, que 'chamou' o PAN para garantir a maioria parlamentar.
No mesmo espaço de opinião de José Pacheco Pereira na CNN Portugal, ontem à noite, a ex-governante acredita que "a derrota do PS não é algo que possamos extrapolar para o nacional", embora entenda que o cenário colocado a nível nacional poderá levar a replicar acordos do género. Embora reflicta que "a direita perdeu a oportunidade para testar o balão de ensaio" de união, Alexandra Leitão elogiou Luís Montenegro sobre não querer acordos com o Chega.
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Reconhecendo a vitória retumbante da coligação PSD/CDS na Madeira, Alexandra Leitão lembrou que as eleições "não foram tão justos" com o PS face ao que acontecera em 2019, eleições regionais anteriores ao de 24 de Setembro último, embora também veja que tal ocorreu por um "epifenómeno que teve a haver com a figura do candidato (Paulo Cafôfo)", pelo que este resultado "não é tão diferente" face ao passado e "até é melhor do que aquilo que tinha sido a série de resultados do PS antes".
Não sendo a derrota do PS algo que se transporte para o todo nacional, o facto é que esta entende que a "subida do Chega", agora quarto partido na Madeira, tal como no país, bem como a "pulverização" de haver nove partidos na Assembleia Legislativa, com JPP a subior, BE a retomar o mandato, o PAN igualmente e a CDU a manter, além do IL que entrou.
Quanto a "entendimentos pré ou pós-eleitorais, acordos de coligação de governo ou de incidência parlamentar, o que estas eleições na Madeira deixaram, refere a deputada vê que o "espectro à direita" não ficou de todo esclarecido, porque o entendimento foi com o PAN e não com o IL por questões pessoais. Do ponto de vista de coerência política ou para a "política no geral", Alexandra Leitão vê o que ocorreu na Madeira como "desprestigiantes para a política". E sentenciou: "A primeira foi uma quebra na credibilidade dos políticos. O que Miguel Albuquerque disse durante a campanha foi muito claro, que não governaria se não tivesse maioria absoluta nas urnas. Agora é com acordo, tudo bem, tudo é possível mudar, mas as pessoas ouviram o que ouviram e não vale a pena vir agora dizer num entrevista que aquilo foi uma pressãozinha sobre os eleitores, porque isso então é pior a emenda que o soneto."
A outra questão que "põe em causa de maneira muito significativa a confiança nos políticos, que já não vai muito bem", é precisamente o acordo com o PAN porque dá a ideia que o que é preciso é uma aritmética em que 23 mais 1 dá 24 e uma maioria absoluta de deputados. Não se percebe muito bem o que é que coze, o que ata, o que junta este programa em termos de ideias estes três partidos", destacando o incómodo que isso fez no CDS.