O dinheiro manda no Governo Regional
Sobre o acordo do PSD com o PAN, apenas se conclui que é muito fácil comprar pessoas e partidos neste carrocel do PPD Madeira
Há quem nunca desiluda, e esse é o caso de Miguel Albuquerque. Depois da tomada de posse do novo governo regional todos os madeirenses e porto-santenses compreendem que nada irá mudar. A mesma inércia, incapacidade de resolver os problemas estruturais, despovoamento, falta de oportunidades, envelhecimento da população, a degradação do debate político e a continuação das mesmas redes de conluio e corrupção.
1. Saiu um secretário regional do CDS (julgo que ninguém notará a diferença), substitui-se o Secretário da Agricultura e junta-se o Ambiente. Duas áreas com interesses conflituantes para serem geridas pela mesma pessoa. É certo que a anterior detentora da tutela, Susana Prada, não deixa saudades e o seu legado são os 7 mil hectares de área ardida que chegou à Laurissilva. Miguel Albuquerque nem esperou pela sua saída para anunciar o desmantelamento das famosas faixas corta-fogo para as substituir por parques ecológicos com direito a pastoreio e tudo. Foram 8 anos de vacuidades, cujas principais bandeiras foram decepadas numa declaração de circunstância de Albuquerque. Vá-se lá saber como é que durou tanto tempo no governo.
Por outro lado, ficam todos a compreender que quem manda no Governo Regional é Jaime Filipe Ramos. Uma versão 2.0 do pai, um pouco mais betinha é certo, mas que exprime as mesmas alarvidades diariamente na Assembleia Regional. E o que é que isto significa? O dinheiro manda. A forma como Humberto Vasconcelos não é reconduzido, sem dó nem piedade, juntando agricultura e ambiente, cujas áreas económicas terão das maiores oportunidades de negócio na Madeira nos próximos anos, diz bem ao que é que vão. Tendo em conta a extensa rede de empresas detidas diretamente ou indiretamente pela família Jaime Ramos, não é preciso ser cartomante para ver o que está nas cartas do poder reinante.
2. Muito já disse do acordo de vão de escada realizado com o PAN, e apenas se conclui que é muito fácil comprar pessoas e partidos neste carrocel do PPD Madeira.
3. Quanto a José Manuel Rodrigues e a sua continuidade como Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, digo o que lhe disse pessoalmente: a oportunidade aguça o engenho. Desejo-lhe um bom trabalho e um equilíbrio justo na gestão do plenário e representação da ALRAM.
4. Permitam-me apenas uma nota sobre a proposta de Orçamento de Estado para 2024, apresentado na semana passada.
O salário mínimo tem um dos maiores aumentos de sempre, passando para 820 Euros. Cerca de 1 milhão de trabalhadores receberão este aumento. O aumento geral dos salários previsto para 2024 será de 5%, acima da taxa de inflação. A atualização dos limites dos escalões, a redução das taxas marginais e o reforço do mínimo de existência representa uma redução de 1.327 Milhões de Euros do IRS, beneficiando 6 milhões de famílias. O aumento das pensões representa mais 2.2 mil milhões de euros nas contas de 2,7 milhões de reformados. Entre muitas outras medidas, benefícios do IRS Jovem, aumento dos abonos de família, apoios à habitação e ao arrendamento, gratuitidade das creches, fazem deste exercício orçamental uma ação política sólida e competente do Governo da República do PS, mantendo a boa gestão da dívida pública.