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Marcelo defende que novas adesões à União Europeia são inevitáveis

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O Presidente da República defendeu hoje que novas adesões à União Europeia são inevitáveis na atual conjuntura e que o alargamento a países como a Ucrânia, Moldova e Geórgia contribuirá para a estabilização da Europa.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava na Universidade Livre de Bruxelas, durante a sua visita de Estado à Bélgica, ressalvou que os países candidatos têm de cumprir os requisitos de adesão.

Neste encontro com estudantes, o chefe de Estado criticou que se associe o terrorismo às migrações e afirmou que "não há europeus puros", referindo que "a humanidade veio de África" e que a Europa tem raízes gregas, romanas, árabes, nórdicas.

Sobre a evolução da União Europeia, o Presidente da República sustentou que a realidade política forçou anteriormente "sucessivas ondas de alargamentos" e que "agora a guerra na Ucrânia e o drama eterno nos Balcãs Ocidentais tornam inevitáveis novas adesões, para tentar assegurar estabilidade e paz na Europa".

Depois, no período de resposta a perguntas dos alunos, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "a posição portuguesa sobre um aprofundamento da integração é: sim, sim, sim", considerando que é possível, ao mesmo tempo, apoiar o alargamento da União Europeia.

"Nos casos da Ucrânia, da Moldova e da Geórgia em certo sentido é criar condições para a estabilização dessa parte da Europa. Sem isso, toda a Europa ficará instável. As fronteiras da Ucrânia são as nossas fronteiras", argumentou.

Segundo o Presidente da República, "os Balcãs Ocidentais são um problema há séculos, difícil de estabilizar", e já no passado "a pertença à União Europeia foi o que estabilizou alguns países do Leste da Europa".

"Os candidatos devem preencher os requisitos, e alguns estão a tentar muito, temos de os ajudar", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em inglês, reiterou que a União Europeia tem um papel importante a desempenhar na balança de poderes mundial, mensagem que deixou hoje também perante alunos da Universidade de Namur, na região da Valónia.

"Mais Europa sempre foi e será sempre melhor do que menos Europa. Menos Europa significaria o caos", declarou.

Na sua intervenção inicial, o chefe de Estado atribuiu ao "trumpismo e sua abordagem protecionista, quase isolacionista", um retrocesso no multilateralismo e na cooperação internacional em áreas como as alterações climáticas.

Na sua opinião, nesse período da governação norte-americana houve uma "coligação objetiva Trump/Putin contra os já frágeis sistemas políticos europeus", que precisam de "renovação urgente".

"É difícil ter lideranças europeias fortes com lideranças nacionais muito fracas e ter um sistema institucional europeu muito forte com sistemas políticos, económicos e sociais nacionais fracos", observou.

A seguir a este encontro, Marcelo Rebelo de Sousa esteve com os reis dos belgas, Philippe e Mathilde, num concerto da fadista Cristina Branco, nos Museus Reais de Belas Artes da Bélgica, retribuição do banquete que lhe ofereceram na terça-feira.

Num curto discurso, em francês, antes do início do concerto, o Presidente da República apontou Portugal e Bélgica como "países muito semelhantes" na história comercial, na dimensão das suas populações, na ligação aos oceanos, com "culturas ricas, dinâmicas e diversificadas" e "abertura contínua ao mundo".

"Partilhamos o mesmo compromisso, sem equívocos, com os nossos valores europeus: o Estado de direito, a democracia, os direitos fundamentais, a liberdade, a igualdade", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu aos reis pela hospitalidade nesta visita de três dias, que termina na quinta-feira, e "o modo como os cidadãos portugueses são acolhidos e integrados na Bélgica", manifestando empenho no reforço das relações bilaterais.

Segundo o Observatório da Emigração, em 2022 residiam na Bélgica cerca de 50 mil pessoas com nacionalidade portuguesa.