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Direita europeia alerta para terrorismo na Europa, esquerda acusa Israel

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Foto Arquivo

O Partido Popular Europeu (PPE) alertou hoje que "o terrorismo voltou à Europa" e defendeu que a União Europeia deve "cerrar fileiras", enquanto os Socialistas e Democratas (S&D) acusaram Israel de violar o direito internacional em Gaza.

"O terrorismo voltou à Europa. Israel foi atacado, mas a Europa também foi atacada", disse hoje o presidente do PPE, Manfred Weber, numa referência ao ataque do grupo islamita Hamas em Israel e dos atentados em Arras, França, e Bruxelas, nos últimos dias, durante um debate sobre o conflito em Israel no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

"São dias de luto e temos de ser firmes e determinados. Estamos ao lado de Israel sem desculpas, sem hesitações, sem mas", declarou o líder da bancada do PPE, a que pertencem os deputados do PSD e CDS-PP.

Weber defendeu a necessidade de a UE "cerrar fileiras", felicitando a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, por se ter deslocado a Israel dias após o atentado, ao mesmo tempo que criticou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, por ter optado por visitar a China "quando há um incêndio na vizinhança".

"Combatemos o Hamas, o terrorismo, não o povo palestiniano. Estamos dispostos a apoiar o povo, mas nem um cêntimo deve chegar aos bolsos do Hamas ou outra organização terrorista", sustentou.

A presidente da bancada do S&D (que inclui os eurodeputados portugueses do PS), Iratxe García sublinhou que Israel tem "todo o direito de combater o Hamas e reagir ao ataque hediondo", mas advertiu que "não se pode ter dois pesos e duas medidas".

"Assassinato de civis em Gaza, ameaças com corte de água e fornecimento de medicamentos, este ultimato para a deslocação da população, são violação do direito internacional e humanitário", sublinhou.

"A UE não pode cometer mais erros intoleráveis, como a tentativa de suspender a ajuda à Palestina", entretanto desmentida, disse a deputada, que considerou que a Europa tem obrigação de promover "intermediação internacional para um cessar-fogo, libertar reféns, cuidar dos feridos e abrir um corredor humanitário".

Pelo Renovar a Europa, Stéphane Séjourné defendeu que a Europa deve "apoiar iniciativas que levem a dois Estados soberanos, democráticos, que vivam em paz".

"É à volta desse consenso que devemos desenvolver a ação europeia", disse, pedindo que "deixe de acontecer tudo o que ocorreu nas últimas semanas", numa alusão a posições divergentes das instituições europeias.

"É preciso uma Europa unida, não pode haver dúvidas. Conseguimos isso para a Ucrânia e temos de o fazer" para este conflito, sustentou.

Pelos Verdes, Philippe Lamberts sublinhou que "a resposta ao crime não pode ser mais crime, as atrocidades não permitem uma vingança, não pode haver um castigo coletivo da Faixa de Gaza", manifestando solidariedade para com as vítimas dos dois lados.

"Estamos perante um abismo e a UE tem de estar unida e apelar ao cessar-fogo e o regresso incondicional dos reféns israelitas", considerou.

"Não haverá paz enquanto organizações terroristas como o Hamas não forem neutralizadas, enquanto os territórios palestinianos forem ocupados ilegalmente", disse Lamberts.

Dos Conservadores e Reformistas Europeus, Bert-Jan Russen sustentou que a União Europeia "não fez o suficiente para acabar de vez com o terrorismo".

"Transferimos milhões para a Autoridade Palestiniana, que facilita o terrorismo", criticou, pedindo "alterações que vinculem o apoio a condições claras".

Pelo Identidade e Democracia (ID), Jordan Bardella alertou para a necessidade de se estar "sempre atento perante o risco terrorista e perante as conquistas do islamismo", defendendo que "esta ideologia do Hamas já está na sociedade" europeia.

"Temos de ter uma resposta bem decidida, não pode haver respeito pela barbárie", sublinhou.

Pela Esquerda (que integra PCP e Bloco de Esquerda), Mann Aubry afirmou que Von der Leyen tem "a responsabilidade de defender a paz e dizer claramente que todas as vidas contam", questionando: "Como é que deu um cheque em branco a Netanyahu?".

Os civis, alertou, "não podem ser carne para canhão", enquanto defendeu a solução dos dois Estados: "A paz exige reconhecimento e coexistência. Se continuarmos no olho por olho, todos ficaremos cegos".

O socialista Pedro Marques advogou a necessidade de "destruir a capacidade terrorista" do Hamas, mas não confundir o grupo terrorista com o povo palestiniano, que "tem o direito à paz e segurança como todos os outros".

"Proteger os civis é uma obrigação moral e legal de todos, e construir uma paz duradoura entre dois Estados é a única forma de travar a espiral de medo e violência", sustentou.

Do Bloco de Esquerda, Marisa Matias condenou "a barbárie do ataque terrorista pelo Hamas", mas pediu "o mesmo rigor" para os "crimes contra a humanidade cometidos por Israel".

"Quantas pessoas inocentes terão de morrer? Ocupação, corte de água e eletricidade, deslocação forçada são claras violações da lei humanitária", disse, pedindo a libertação dos reféns israelitas, um cessar-fogo e o fim do bombardeamento das populações.