Von der Leyen pede resposta unida da UE
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu hoje "uma resposta unida" da União Europeia (UE) perante "o horror" dos ataques do grupo islamita Hamas em Israel, que deve "reagir como uma democracia".
"Israel tem o direito a defender-se, em linha com a lei internacional. O Hamas são terroristas. E os palestinianos também estão a sofrer com este horror, e temos de apoiá-los", sustentou hoje, numa sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo, durante um debate sobre os ataques do grupo islamita e a situação humanitária na Faixa de Gaza.
"Solidariedade é o mínimo que podemos fazer pelo povo de Israel. Este horror exige uma resposta unida de todos nós, como seres humanos, defensores de um mundo livre, como cidadãos da Europa, onde o ódio, o terrorismo e o racismo não têm lugar", disse.
A Europa, sublinhou, "está ao lado de Israel nestes tempos conturbados".
Von der Leyen justificou a sua deslocação a Israel -- que tem sido alvo de críticas -- na passada sexta-feira, dias após o ataque do Hamas, em 07 de outubro: "Era importante transmitir esta mensagem de solidariedade em pessoa, em Israel".
"Só se reconhecermos a dor de Israel e o seu direito de se defender, teremos a credibilidade para dizer que Israel deve reagir como uma democracia, em linha com a lei humanitária internacional. Isto é crucial para proteger vidas civis", considerou.
Nessa visita, acrescentou, discutiu com Israel "os esforços para proteger vidas civis". A ausência de uma referência sua imediata à necessidade de Israel agir dentro dos limites da lei internacional também foi criticada.
"Não pode haver hesitação da nossa parte: a Europa estará sempre do lado da humanidade e dos direitos humanos", sustentou.
Sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza, Von der Leyen alertou que "está a deteriorar-se de hora a hora" e o apoio "deve chegar urgentemente aos palestinianos", adiantando que os dois primeiros voos de ajuda humanitária vão realizar-se ainda esta semana, transportando material da Unicef (agência das Nações Unidas para a infância).
"A União Europeia sempre foi o maior doador internacional da Palestina e isto não vai mudar", garantiu a presidente da Comissão Europeia, que defendeu a necessidade de rever "urgente e cuidadosamente" a assistência financeira.
"Nunca enviámos dinheiro para o Hamas ou outra organização terrorista, nunca o faremos. Os atos do Hamas estão completamente desligados das aspirações do povo palestiniano", referiu.
Von der Leyen alertou ainda para a situação regional e o risco de o ataque do Hamas afetar "a aproximação histórica" entre Israel e os seus vizinhos árabes, apelando para a contenção da instabilidade e a continuação do diálogo.
"Este tempo de guerra também deve ser o tempo da democracia inquebrantável", sublinhou.
A responsável advertiu também contra o crescimento do antissemitismo na Europa, com discursos de ódio e notícias falsas: "É nossa responsabilidade comum garantir que o nosso passado negro não regressa. Temos de proteger a vida judaica na Europa".
Von der Leyen lamentou o ataque ao hospital de Al Ahli, em Gaza, na noite passada, em que morreram perto de 500 pessoas, que classificou como "uma tragédia sem sentido".
"Não há desculpa para atingir um hospital cheio de civis. Todos os factos devem ser estabelecidos e os responsáveis devem prestar contas", salientou.