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Boa Noite

Conselho de avô

Pior do que um ou outro vaticínio apocalíptico só o arranque catastrófico do Chega

Boa noite!

Está empossado o 14.º Governo Regional. A quem hoje jurou solenemente “cumprir com lealdade” as funções que lhes foram confiadas desejamos um mandato cooperante com as grandes causas e de resposta efectiva e em tempo útil aos grandes anseios das populações. Tanto mais que, a julgar pelo vaticínio apocalíptico do Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, “ao longo destes quatro anos, enfrentaremos divisões, divergências, tensões e conflitos”, nada que “o diálogo, a negociação, a responsabilidade e o bom senso não consigam ultrapassar”.

Da nossa parte, e enquanto pilar essencial da democracia, tudo faremos para que o escrutínio independente e assente em factos contribua para a consciencialização do nosso povo, dando-lhe em cada instante o maior número de dados para que possa fazer escolhas fundamentadas,  sendo parceiros e cúmplices de uma sociedade informada. E é honrando o nosso compromisso colectivo que criámos condições para que qualquer executivo ou outra entidade representativa da democracia dos valores também se robusteça e afirme ou se espalhe e definhe, se preferir optar pela sobranceria, autismo, conflito ou mediocridade.

Sabem os eleitos, ou pelo menos deviam saber, que a nossa missão objectiva está alicerçada na defesa dos interesses dos madeirenses e porto-santenses, da sua Autonomia, bem como do interesse Nacional em que aquela se integra. Que nos assumimos editorialmente com um porta-voz dos princípios e valores defendidos e aceites pela comunidade madeirense onde quer que ela se localize. Que resistimos às mais reles e baixas tentativas de asfixia financeira alguma vez decretadas na Madeira. Que nos afirmamos quotidianamente pelo pacto com a verdade. Que não tememos o insulto dos que sem racionalidade, nem tolerância teimam em  exibir atitudes persecutórias e difamação constante.

Para os que se julgam intocáveis no governo ou na oposição, nos parlamentos ou nas autarquias, nos clubes ou nas associações serve o conselho deixado pelo avô de Miguel Albuquerque, participante activo na Revolta de 1931, e hoje lembrado pelo neto no discurso da tomada de posse: “Não há, nunca houve, nem haverá dádivas permanentes para garantir os direitos políticos e de cidadania dos Madeirenses e Porto Santenses”.

Cabe por isso a cada um, com honestidade e transparência, saber e talento, continuar a lutar por ideais, por princípios, por direitos inalienáveis e pelo interesse público, sob pena de “voltarmos mais cedo ou mais tarde, por ingenuidade, ilusão ou complacência, aos tempos de servidão”. A tese do presidente do Governo serve para a relação destemida, mas preferencialmente responsável, da Região com a República, mas também se aplica à relação leal entre eleitos e eleitores e a outras dimensões da nossa sociedade em que as vontades e as exigências se cruzam.

Daí que mereça reparo que o Chega, desejoso de criar um facto político, se tenha demitido de estar presente na primeira oportunidade que teve para mostrar o que vale face ao mandato governativo que está obrigado a escrutinar.  Com este arranque catastrófico, não reconhecendo Albuquerque como presidente do Governo Regional após o sufrágio que a coligação PSD-CDS venceu e que também garantiu quatro deputados e uma pipa de massa ao Chega, para além do número de circo, porventura ditado por Lisboa, ficou claro que um partido que se balda deste feitio não honra compromissos eleitorais, nem é coerente com práticas adoptadas noutras paragens insulares.