Outubre (assim mesmo, terminado em “e”, isto é, sem género definido)
Setembro foi o mês mais quente de que há memória!Outubro, pelo menos nas primeiras semanas, caminha no mesmo sentido, depois de Agosto já ter sido anormalmente quente! Mas não vou hoje falar de uma das piores consequências do tempo anormalmente quente, os incêndios que nos assolaram e desolaram! Há quem tenha muito mais autoridade para isso!
Falemos de outras coisas.
Há alterações climáticas que se vão sentindo cada vez mais, sem no entanto haver um algoritmo mágico que prediga, ou até diga, o que vem a seguir, excepto que o “a seguir” depende de todos nós, do nosso comportamento colectivo, do género “o que é que podemos fazer pela natureza, e não o que é que a natureza pode fazer por nós”. Incumbe-nos fazer por isso!
Falemos de natureza, falemos um pouco daquilo que ela é!
Ela é de géneros! E não há muitos por onde escolher.
Explicando um pouco mais: para se reproduzirem, os seres vivos, todos os seres vivos, servem-se de uma coisa que a natureza proporciona que é a concepção, para a qual são necessárias umas celulazinhas chamadas gâmetas ou, se quisermos ser mais específicos, células sexuais (não, também não vou falar de sexo e muito menos de educação sexual. Também para isso há quem tenha muito mais autoridade. Não digo sapiência, digo autoridade, com um significado diferente do que foi utilizado acima).
São umas celulazinhas haploides, isto é, têm metade dos cromossomas necessários à vida. Os gâmetas têm tipos morfologicamente distintos e são produzidos nas gónadas. São indispensáveis dois gâmetas para que se forme um zigoto. Esses dois gâmetas são um feminino e um masculino (é assim que a ciência os define – masculino e feminino) que se fundem no momento da concepção, ficando assim o novo ser com um número de cromossomas compatível com a vida que lhe está reservada.
É assim, em traços muito gerais como se forma a vida, e para se perceber melhor, no caso dos humanos, é com a fusão de um espermatozoide (o gâmeta masculino) com o óvulo (o gâmeta feminino), que se forma o ser que há de ser!
Mais especificamente: um masculino com um feminino!
Elaboremos: o ser humano tem 23 pares de cromossomas – 22 pares autossómicos e 1 par de cromossomas sexuais, sendo que este é o par que determina o sexo de um novo ser – nas mulheres (sexo feminino) os cromossomas são representados por XX e os homens (sexo masculino) têm um cromossoma X e um outro, diferente, que é o Y.
Estes gâmetas quando se fundem criam um ser que ou é feminino ou é masculino, isto é eles não estão em corpos errados – ou é feminino ou é masculino. Tudo o que vem depois são arranjos artificiais. Mas se considerarmos que a inteligência já pode ser (já é) artificial, também os arranjos que se seguem à concepção poderão ser artificiais. É tudo uma questão de plástica.
E os arranjos podem ser o que se queira, dependendo do que a sociedade vai querendo fazer com a estupidez prevalecente em cada momento da História.
Entre os humanos convencionou-se chamar “homem” aos portadores do tal par XY e “mulher” às portadoras do par XX.
Poderiam ter outra denominação, até com um nome comum aos dois géneros, como acontece em alguns animais: os tigres são machos e fêmeas, não há tigras, as girafas idem (não há girafos), as baleias também (não há baleios) ou os golfinhos (não há golfinhas), e poderia continuar por aí adiante dizendo que uma égua nunca será um cavalo ou que uma cabra nunca será um bode, etc., mas nos humanos os nomes atribuídos foram mulher e homem para representarem o género feminino e o género masculino respectivamente.
Por falar em representatividade, as estátuas que habitualmente transmitem conceitos e valores importantes, como a Justiça, a República, a Liberdade, talvez por serem palavras que se escrevem e dizem no feminino, têm uma figura feminina (ou pelo menos que era até há pouco tempo considerada como tal). Não configurará uma discriminação relativamente ao habitualmente considerado o género masculino? Não há valores ou conceitos no masculino?
É discriminatório para o género masculino!
Mas reconheço que a Liberdade ou a Justiça a serem representadas por um barbudo abrutado não teriam a mesma graça que têm com uma figura feminina a lhes dar corpo.
Talvez devamos passar a dizer “Justice”, Repúblique” e, quem sabe “Liberdado” (para ter os dois géneros, já que sendo uma palavra feminina, se terminar em “o”, pode passar despercebida pelos olhos dos revisores de cânones! E talvez, para não ferir susceptibilidades, as estátuas passem a ter figuras assexuadas tipo minotauros ou similares, metade uma coisa e metade outra, fazendo com que essas imagens fizessem medo ao susto, tal como as modas (porque não passam disso, de modas, e sabemos o que acontece com as modas!) que prevalecem fruto da estupidez humana assustam o medo que sentimos só de ver e imaginar o que por aí ainda vem!
E vem Outubre, e vem Novembre, e vem Dezembre, etc., e nós aqui a ver, por exemplo, a vitória do silicone sobre o que a Natureza deu na sua melhor boa vontade!
P.S. 1 - o silicone é um composto quimicamente inerte, inodoro, insípido.
Silicone é um termo inglês para a classe de compostos químicos cujo nome correcto em português é silicona, em função da sua semelhança da sua fórmula geral com as cetonas (ver wikipédia, sff).
P.S. 2 – espero poder estar a contribuir para que se possa entender que é a Natureza quem define quem representa o quê, atribuindo a cada novo ser ou uma fabricazinha de gâmetas femininos (óvulos, nos humanos) ou de gâmetas masculinos (espermatozoides, idem).