Orban torna-se 1º líder de um país da UE a encontrar-se com Putin desde invasão da Ucrânia
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban manteve hoje conversações com Vladimir Putin, tornando-se no primeiro líder de um país da UE a reunir-se pessoalmente com o Presidente russo desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022.
Os dois líderes encontraram-se em Pequim à margem de um Fórum internacional promovido pelo Presidente chinês Xi Jinping em torno do décimo aniversário da iniciativa global de Pequim 'Faixa e Rota'.
O seu encontro, centrado no acesso da Hungria à energia russa, assinalou o fim de quase 20 meses nos quais os líderes ocidentais, incluindo da União Europeia (UE), evitaram contactos com Putin devido à invasão militar da Ucrânia.
"A Hungria nunca pretendeu confrontar-se com a Rússia, a Hungria sempre pretendeu alargar os contactos", disse Orban a Putin, de acordo com a televisão estatal russa.
Orban também assinalou que os laços entre os dois países foram prejudicados pelas sanções europeias contra Moscovo.
No prosseguimento da sua política "soberanista", o primeiro-ministro nacionalista húngaro recusou-se a fornecer armamento à Ucrânia e não permitiu a sua transferência ao longo da fronteira húngaro-ucraniana. Também ameaçou vetar as sanções contra Moscovo, apesar de finalmente optar por votar a favor.
No rescaldo do encontro, Putin admitiu que as oportunidades de manter contactos com diversos países "são limitadas no atual contexto geopolítico, mas sentimos satisfação quando conseguimos preservar e desenvolver relações com muitos países europeus, incluindo a Hungria".
Budapeste bloqueia desde maio passado um pacote militar de ajuda da UE à Ucrânia avaliado em 500 milhões de euros, e referiu que manterá essa posição até Kiev deixar de sancionar um banco húngaro acusado de financiar a guerra.
Putin, que efetuou uma rara visita ao exterior, também manteve uma série de encontros com outros líderes que se deslocaram a Pequim no âmbito do Fórum 'Faixa e Rota', e também manterá conversações com Xi Jinping.
O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, disse hoje ter mantido um breve encontro com Putin, e que também poderá suscitar preocupações na UE. O país tem sido marginalizado e afastou-se do proclamado objetivo de adesão ao clube dos 27, aproximando-se politica e economicamente de Rússia e China.
A Sérvia recusou aderir às sanções da UE contra Moscovo, apesar de Vucic indicar que a Sérvia respeita a integridade territorial da Ucrânia.
A China e a Rússia são os principais fornecedores de armamento para o Exército sérvio e num período de agravamento das tensões na sua antiga província do Kosovo que ameaçam a estabilidade regional.
A China forneceu empréstimos de milhares de milhões de euros à Sérvia para a construção de fábricas e autoestradas que estão a ser concluídas por empresas chinesas. O acordo de livre comércio hoje assinado com a China contraria diretamente contra as políticas económicas da UE e terá de ser revertido caso Belgrado pretenda prosseguir as negociações de adesão ao fraturado bloco comunitário.