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Que bem que estão um para o outro!

A política nacional tem assistido nos últimos anos a uma perversa cumplicidade na Assembleia da República entre o PS e o CHEGA. O crescimento de um significa o crescimento do outro.

Ao CHEGA, apesar de todos os números e moções de censura, interessa ter o PS no poder. Sem o PS no poder o CHEGA sabe que perderá força no panorama político nacional. E ao PS interessa ter uma força política à direita activa para impedir o PSD de crescer e, por conseguinte, ganhar eleições. Até para o PS lançar um candidato à Presidência da República, com a Assembleia da República a servir de palco, o CHEGA tem colaborado e servido como um bom aliado.

Ambos, PS e CHEGA, tendo consciência disto mesmo, e num clima de aliança informal, continuam, dia após dia, com os seus ataques teatrais mútuos, e espalhafatosos, para ocupar todo o espaço mediático do país, com a cobertura dos órgãos de comunicação social do continente. Ambos, PS e CHEGA, estão satisfeitos com o actual estado da situação política do país. Por isso, nem um nem outro são solução para coisa alguma. Alimentar um é estar a alimentar o outro. E a única forma de sairmos deste ciclo catastrófico para o país, que interessa só a estes dois partidos, é através do PSD.

O PSD é, por um lado, em alternativa ao PS, o único partido que tem condições para ganhar eleições em Portugal e formar governo e, por outro, o único que crescendo à direita vai reduzir a representação da extrema-direita no parlamento nacional.

Uma extrema-direita que no último sufrágio regional elegeu um grupo parlamentar na Madeira. Uma extrema-direita que tal como o PS é centralista, conservadora, corporativa e anti-autonomista. Se o CHEGA o é por base e matriz ideológica, o PS é por servilismo a Lisboa dos seus dirigentes regionais. É caso para dizer: que bem que estão um para o outro!

Não deixa de ser curioso que o CHEGA foi eleito para um parlamento e sonhava entrar para um governo regionais com os quais não concorda e não se revê do ponto de vista orgânico e existencial. Por muito que os seus dirigentes o neguem, a extrema-direita na Europa é contra as autonomias regionais. Veja-se o exemplo do VOX em Espanha, partido irmão do CHEGA em Portugal, que está empenhado em reduzir e reprimir os poderes das comunidades autónomas.

Não deixa de ser curioso também ver o CHEGA protestar (e mais ridículo através do seu líder nacional como se não tivesse deputados regionais eleitos) por se sentar à esquerda na Assembleia Legislativa Regional. Um partido de protesto será sempre um partido de protesto. Provavelmente a procurar devolver acções mediáticas mas inconsequentes. Muito à semelhança de outros partidos de protesto, também sem soluções ou alternativas, como PTP ou o PND noutros tempos. Partidos que ironicamente estavam à esquerda e também foram também aliados do PS. Que o diga o recém-eleito líder parlamentar, Victor Freitas.

Sim, o PS do ponto de vista prático não é muito diferente. Os socialistas pretendem esvaziar as autonomias regionais, chegando ao ponto de as equiparar por vezes às autarquias locais (veja-se o diploma de 26 de Maio relativo ao Conselho de Concertação Territorial, por exemplo). De as esvaziar e de as controlar a partir de São Bento. Ou da Figueira da foz a avaliar pelas mais recentes notícias vindas a público.

Para que a qualidade de vida na Madeira seja superior à do Continente - e para que a nossa região registe o mesmo desenvolvimento dos últimos 40 anos - é essencial que mantenha os seus órgãos regionais e que aprofunde a sua autonomia política. Uma autonomia política que tem tido no PSD o seu grande e verdadeiro defensor.

Se dúvidas houver sobre a importância da Autonomia no nosso dia a dia enquanto madeirenses, veja-se dois exemplos bem claros do que é depender do Governo Regional do PSD e do que é Governo da República do PS.

Na Madeira o PSD decidiu devolver o tempo integral de serviço aos professores. Neste momento na Região temos professores motivados e valorizados, a ganhar centenas de euros a mais do que os seus colegas do continente por mês, a garantir que todos os alunos da escola pública têm aulas e saem preparadores para ingressar na economia do futuro. No Continente o PS continua a não investir na escola pública: os professores não têm as suas carreiras valorizadas, muitos ainda estão por colocar, e os alunos não têm aulas.

Na Madeira, e apesar de todos os obstáculos levantados pelo PS na República, o PSD avançou para a maior obra pública do país, o Hospital Central e Universitário da Madeira. Já as obras que dependem exclusivamente da República, como os Tribunais ou as Esquadras, por exemplo, cujas áreas não estão regionalizadas, continuam por fazer ou a arrastar-se no tempo. Veja-se o ridículo: o Tribunal da Ponta do Sol, cujas obras consistem em mudar umas telhas e a instalar um elevador por este andar vão demorar quase o mesmo tempo que a construção total do Novo Hospital da Madeira…