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Incêndios Madeira

Vento é motivo de preocupação em zonas florestal ardidas

Pequenos reacendimentos merecem atenção na Fonte do Bispo e no Galhano

Ontem, ainda eram visíveis váriso fogos de incêndio no interior da floresta. 
Ontem, ainda eram visíveis váriso fogos de incêndio no interior da floresta. , Foto: DR/Arquivo

Para já, os fogos dos últimos dias que consumiram uma considerável área florestal nos concelhos da Calheta e do Porto Moniz estão em fase de rescaldo, havendo pequenos reacendimentos que têm merecido a atenção das equipas no terreno e do meio aéreo afecto ao Serviço Regional de Protecção Civil.

Ao DIÁRIO, procurando fazer um balanço da situação em zonas de florestal, Manuel Filipe realça que o vento que sopra com alguma intensidade é motivo de preocupação, sobretudo porque a chuva que estava prevista para ontem, e que era aguardada com grande expectativa, acabou por não acontecer. “Apenas caíram alguns chuviscos", lamenta, 

A nossa preocupação, neste momento, e todos os meios estão no rescaldo, é ver se com este vento pode surgir algum reacendimento. Para já está tudo calmo, mas, com o vento forte, o que se vê é o surgimento de pequenos focos no meio das áreas ardidas. É essa a nossa principal preocupação neste momento. Manuel Filipe, presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza 

Estes reacendimentos, diz o presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) requerem toda a atenção de modo a serem rapidamente debelados, evitando, assim, o transporte de faúlhas para outros locais, nomeadamente a vertente oposta ao Galhano, onde temos a zona do Fanal. 

Além dos meios do próprio IFCN - com Polícia Florestal, sapadores florestais e vigilantes da natureza - estão, também, no terreno elementos dos bombeiros, auxiliados, quando necessário, pelo helicóptero, bem como a Guarda Nacional Republicana. 

Sobre a área ardida, Manuel Filipe diz ainda não haver números, pois não há condições, para já, para esse levantamento, apontando para os próximos dias alguns dados mais concretos. 

Quanto às áreas afectadas, ainda que maioritariamente esteja em causa floresta exótica, sobretudo nos espaços de transição, e urzal de altitude, foram afectadas, também, algumas machas de floresta índiga, a Laurissilva. 

Na Fonte do Bispo e no Galhano, o responsável tem alguma cautela em apontar com maior precisão. Nota que tem menos fumarolas e o meio aéreo já fez algumas descargas de água no local. "Mas como em outros locais ainda está a sair algum fumo, não havendo chama activa", aponta, ressalvando, ainda assim, que o fogo não evoluiu da mesma forma em todos os locais. "Ainda não fizemos uma avalição rigorosa dessas áreas e como é que o fogo evoluiu. Houve locais onde o fogo evoluiu de forma rasteira, sobre o solo, sem grandes impactos, outras onde não foi assim. Tem de ser feita uma avaliação e um levantamento, possivelmente com drones, mas por enquanto ainda não conseguimos fazê-lo", disse, apontando o vento, também neste âmbito, como um dos principais obstáculos. 

Manuel Filipe faz questão de notar, também que, pelas informações que tem, o fogo não terá chegado à zona primordial do Galhano, no final da antiga estrada de terra batida. "Ainda está relativamente longe", voltando a apontar a necessidade de uma avaliação detalhada da situação, "porque o fogo quando subiu da zona do Porto Moniz, a encosta foi toda queimada, mas à medida que foi avançado em altitude fez uma inflexão ascendente e o prejuízo terá sido menor". 

Viveiro florestal da Santa não foi afectado

Questionado sobre a destruição causada na zona das Portas da Vila, na Santa do Porto Moniz, onde anualmente se realiza a 'Feira do Gado', Manuel Filipe ressalva que o viveiro florestal que ali existe não foi afectado. Refere, ainda, que todas as 35 mil plantas que ali estavam não foram queimadas, tendo, ontem mesmo, sido providenciada a sua rega, com recurso a um autotanque, de modo a assegurar a sua sobrevivência. "Vão ser fundamentais para a fase seguinte", salinta. 

Sobre as 'campanhas' de plantação que têm sido promovidas nas redes sociais, algumas delas por cidadãos estrangeiros residentes na Região, o presidente do Instituto das Florestas alerta para a necessidade de haver uma gestão criteriosa das espécies a plantar, de acordo com o que for considerado mais indicado para qualquer local. Pede, por isso, à população algum tempo para que toda a operação de rescaldo fique concluísa, para então se dar início a essa fase de reflorestação. "Isso tem de ser bem estudo, bem avaliado".