Foi há cerca de um mês que se deram as últimas eleições regionais. Uma maioria relativa dos madeirenses decidiu manter a confiança que tinha no PSD e nos seus governos. Parece-me um erro, mas o futuro o dirá – ou não – embora com base no passado não tenha muitas dúvidas.

Especificamente em relação ao turismo, continuamos na visão autista de que tudo está bem, e que a quantidade vai compensar a falta de qualidade que é para todos (mais que) evidente. Ao mesmo tempo, a falta de capacidade e de vontade de tomar decisões vai empurrando a realidade com a barriga, de forma que os pequenos problemas têm a oportunidade de se transformarem em grandes problemas.

A questão dos estacionamentos em lugares como o Areeiro, o Ribeiro Frio, a Ponta de São Lourenço, ou o Rabaçal, para mencionar apenas alguns, não se resolve com mais estacionamento físico. A questão resolve-se com melhor estacionamento (isto, com o disciplinar dos estacionamentos existentes) e com o assumir que não é obrigatório encontrar soluções para todos.

O primeiro passo passa, necessariamente, por disciplinar a situação existente. Por estabelecer, claramente, as regras, e por fazer com que sejam cumpridas. E fazer com que sejam cumpridas sem que se preocupem demasiado com paninhos quentes… multas, grampos, e pagamentos no local. Em dois meses, a questão estará resolvida. Passo seguinte, encontrar alternativas, que têm de ser sustentáveis – em termos ambientais, sociais e financeiros.

O problema surge porque este governo PSD ignorou durante demasiado tempo as indicações de todos os estudos de sustentabilidade do sistema, que apontavam para a necessidade de impor e manter um teto estrito no número de camas disponíveis. Mas o objectivo deste governo nunca foi gerir o turismo, ou manter a sustentabilidade do destino. A prioridade deste governo sempre foi manter satisfeitos os seus lobbies, e nomeadamente o da construção.

E a partir do momento em que aceitarmos que esta é a realidade, toda a acção, ou inação, governativa se torna subitamente mais fácil de entender.