UE pede que retirada de pessoas de norte para sul de Gaza seja "seriamente reconsiderada"
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu ontem que a retirada de mais de um milhão de pessoas do norte para o sul da Faixa de Gaza, ordenada por Israel, seja "seriamente reconsiderada".
O responsável da UE apresenta assim uma posição alinhada com a do secretário-geral da ONU, António Guterres.
"A ordem de saída de mais de um milhão de pessoas do norte de Gaza deve ser seriamente reconsiderada, como defendeu vigorosamente António Guterres" num artigo de opinião no 'The New York Times', considerou Borrell, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
O alto representante da União Europeia para a Política Externa também defendeu que "todos os reféns de Gaza devem ser libertados" e que "os civis não devem ser usados como escudos humanos".
Borrell explicou que manteve "intensas consultas" com a diplomacia da Arábia Saudita, Egipto, Qatar e Emirados Árabes Unidos, que confirmaram a sua "convicção de que a prioridade é garantir a proteção de todos os civis".
O representante para as relações externas da UE insistiu hoje, também em linha com Guterres, que a deslocação da população de Gaza exigida pelas forças israelitas é "perigosa" e "praticamente impossível".
"Para um milhão de civis sair do norte de Gaza, através de uma zona de guerra densamente povoada para um local sem comida, água ou abrigo, num território sitiado, é extremamente perigoso e praticamente impossível", notou na rede social.
Às 13:00 GMT (16:00 horas locais), o último ultimato do Exército israelita para que os civis de Gaza fugissem para o sul expirou, com a ameaça de "atacar com força total".
O apelo afeta 1,1 milhões de pessoas - quase metade da população de Gaza - o maior deslocamento humano dentro daquela Faixa.
O Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o território israelita, que designou como operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de 'rockets' e a incursão de combatentes armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas que, recordou, foi internacionalmente classificado como organização terrorista.
Israel, que impôs um cerco total à Faixa de Gaza e cortou o abastecimento de água, combustível e eletricidade, confirmou até agora 1.400 mortos e mais de 3.000 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, apoiada pelo Hezbollah libanês e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
Do lado palestiniano, o Ministério da Saúde confirmou hoje que, em Gaza, os ataques da retaliação israelita fizeram pelo menos 2.215 mortos e 8.714 feridos e que também se registaram 47 mortos na Cisjordânia, bem como cerca de 600 feridos.
Segundo o porta-voz do exército de Israel, Richard Hecht, cerca de 1.200 combatentes do Hamas foram igualmente abatidos durante confrontos com as forças de segurança em território israelita.