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Gonçalo Henriques diz que "não há limites para o descaramento" da Administração do Marítimo

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O ex-administrador da SAD do Marítimo, Gonçalo Henriques, reagiu esta noite às acusações da actual Administração do clube, começando por dizer que "não há limites para o descaramento desta administração", reforçando que "este comunicado é uma mistura de incompetência, meias verdades, falta de rigor e de caráter".

Recorde-se que em comunicado, a Administração do Marítimo dirigida por Rui Fontes, emitira um comunicado hoje, publicando-o na sua página oficial, reagindo a declarações de Gonçalo Henriques ao JM.

Henriques não perdeu tempo a contra-responder. "Dizerem que as declarações que prestei são graves, falsas, lesivas e susceptíveis de constituir um ilícito criminal, mas não responderem a nenhum dos pontos que abordei é elucidativo sinal da estratégia da actual Administração - um confronto permanente com o passado para ocultar o desastre do presente", lamenta. "Vem a Administração actual da SAD confirmar que em caixa há menos 13 milhões de euros, mencionando o que foi pago após 30/06/2021 mas manhosa e convenientemente não referem os valores que entraram após essa data. ".

E continua: "Não dizem nada sobre a venda do Vidigal e Mosquera (jogadores contratados pelo Sr. Carlos Pereira), que foram colocadas erradamente no exercido de 2022/2023 o que, a não acontecer, significaria uma redução de 1,75 milhões de euros nos resultados, agora apresentados, tal como referido na reserva às contas do revisor oficial de contas da SAD. Nunca a administração a que pertenci teve uma reserva nas contas! De igual forma, não é desmentida ou explicada a anulação irresponsável de imparidades e provisões no montante de 1,2 milhões de euros. E, mais importante de tudo, não é desmentido que o verdadeiro resultado seria um prejuízo de 3,4 milhões de euros em vez dos tais 0,33 milhões caso não fossem usadas estas práticas muito questionáveis do ponto de vista ético e contabilístico. Talvez porque, a serem aplicados princípios correctos, o prejuízo fosse ainda maior. Vamos a ver a curto prazo, infelizmente."

O antigo responsável durante a gestão de Carlos Pereira diz que "o que fazem é misturar conceitos tentando assim justificar o injustificável". E continua: "Referem alguns dos valores que pagaram quando receberam a SAD e o Club (sim, foram buscar despesas do Club), mas não referem os valores que receberam, que em cada época rondaram os 10 milhões de euros e que seriam obviamente para pagar despesas."

E justifica: "Naturalmente que quando se recebe qualquer sociedade há valores a pagar e a receber e é essa boa gestão, que obviamente não aconteceu, que se prometia e esperava 'na hora'. Um exemplo prático - pagámos 3 milhões de euros da construção do estádio, mas 'esquecem-se' de referir que receberam 3 milhões de euros do contrato programa com o Governo para esse pagamento."

E vai mais longe ao atirar que "até têm a distinta lata de vir agora dizer que o resultado nem foi assim tão mau, porque ainda há dinheiro a receber do Pepe, Fransergio e Zamalek - todos eles da Administração do Sr. Carlos Pereira, à qual tive a honra de pertencer", lembra.

Mas não se fica por aqui: "Mas certamente que ainda há outros números bem ilustrativos desta 'boa' gestão que em breve saberemos. Em vez de assumirem que correu tudo mal, financeiramente e desportivamente - e o ponto essencial que estes comunicados pretendem fazer esquecer é que desceram de divisão no ano que mais gastaram em jogadores - e começar de novo, vivem num constante atirar de culpas. A culpa nunca é deles, é impressionante fazem tudo certo e dá tudo errado, é um azar incrível…"

E continua apontando "mais um breve resumo sobre a repetida polémica dos terrenos de Santo António (sempre que é preciso justificar alguma coisa, lá vem a questão dos terrenos de Santo António):

  • 1 - Devido a uma dívida criada pelo Dr. Rui Fontes, que fez a reforma de uma letra e esqueceu-se de pedir a anterior de volta (até parece mentira, mas não é), estes terrenos foram executados e colocados em hasta pública;
  • 2- O Senhor Avelino, não o Marítimo para não empolar o valor da alienação, após longos anos de disputas judiciais, arrematou-os deixando procuração irrevogável em nome do Presidente do Marítimo - Materialmente e contabilisticamente, sem qualquer custo, os terrenos são do Marítimo, como tão bem se pode comprovar;
  • 3- É preciso agora formalizar essa passagem, no entanto, pelo que percebi, o Sr. Carlos Pereira não o faz até esta direção e SAD resolver outras questões pendentes. Nas questões pendentes estão uns avales, que nenhum destes senhores quer assumir;
  • 4- Basta lerem o relatório jurídico/financeiro e as atas sobre este tema, bem como falarem com o vosso Presidente do Conselho Fiscal e verão que fica fácil de perceber e resolver. Quanto a ter sido 'eu' a gastar 7,1 milhões de euros, confirmo, é verdade, gastamos isso e muito mais. Felizmente trouxemos ainda mais para o Marítimo e deixamos lá muito do que esta administração agora gasta desmesuradamente e não repõe. Quem dera a todos os maritimistas que quando esta administração sair deixe pelo menos metade do que aquilo que encontrou. Mais uma vez, basta lerem as atas e o relatório, não contestado, que foi deixado na transição de direções.

E termina, aconselhando: "E não se preocupem comigo - não há qualquer saudosismo nem qualquer intenção de voltar à Direção do Marítimo, mas uma grande preocupação pelo caminho que tem sido percorrido e que se não for invertido levará o Marítimo à mesma situação em que foi entregue em 1997 - falido. Tomo boa nota que esse comentário não desmentiram. Quanto à ameaça de processo por ilícito criminal, sim, por favor, façam-no…"

Administração do Marítimo acusa Gonçalo Henriques de 'espatifar' milhões

O Conselho da Administração da Marítimo da Madeira Futebol, SAD, emitiu hoje uma nota de esclarecimento "face às graves, falsas, lesivas e suscetíveis de constituir um ilícito criminal, declarações do ex-Administrador e accionista, Dr. Gonçalo Henriques, reproduzidas, com total ausência de contraditório, na edição de hoje do JM Madeira", acusando-o de 'espatifar' milhões de euros dias antes de deixar o cargo.